Esta Avenida Fontes Pereira de Melo — já o tens notado — ostenta propriedades de certo sentido aristocrático de arquitectura; lembro-te o palacete do capitalista José Maria Marques, n.° 28, arquitecto Norte Júnior (Prémio Valmor de 1925 1914) (...) ¹
Este palacete — na Avenida Fontes Pereira de Melo, formando gaveto com a Rua Andrade Corvo — foi construído no início do século XX, para residência de José Maria Marques, com projecto do arqº Norte Júnior. Congrega elementos barrocos, neo-românicos, neo-árabes e Arte Nova num estilo ecléctico característico da época. Congrega elementos barrocos, neo-românicos, neo-árabes e Arte Nova num estilo ecléctico característico da época. A escolha deste prémio impôs-se pela «originalidade e disposição engenhosa da fachada principal e pela exuberância da decoração».
Palacete da Avenida Fontes Pereira de Melo, 28, gaveto com a Rua Andrade Corvo [c. 1914] Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente |
No ano de 1911 José Maria Moreira Marques, capitalista com
negócios no Brasil, apresentou à Câmara de Lisboa um pedido para a
construção de uma casa no seu terreno na Avenida Fontes Pereira de Melo,
apresentando um projecto assinado pelo arq.º Manuel Joaquim Norte Júnior.
O conjunto, que incluía sala de ginástica na cave, casa para capoeira e
casa de tanques, foi construído entre 1911 e 1915, data da última
licença para a edificação da marquise de ferro do jardim. O projecto foi
vencedor do Prémio Valmor no ano de 1914 (erradamente esculpido na
fachada com a data 1915).
Não sendo o maior palacete projectado por Norte Júnior, é seguramente o que apresenta o programa decorativo mais exuberante, embora a profusão de motivos ornamentais em nada altere o equilíbrio do projecto. A inserção num gaveto rectangular, no qual a casa ocupa apenas metade da área, denota a perícia do arquitecto como projectista, apresentando uma planimetria distinta das que nos anos imediatamente anteriores criara para edifícios congéneres nas Avenidas Novas.
Não sendo o maior palacete projectado por Norte Júnior, é seguramente o que apresenta o programa decorativo mais exuberante, embora a profusão de motivos ornamentais em nada altere o equilíbrio do projecto. A inserção num gaveto rectangular, no qual a casa ocupa apenas metade da área, denota a perícia do arquitecto como projectista, apresentando uma planimetria distinta das que nos anos imediatamente anteriores criara para edifícios congéneres nas Avenidas Novas.
No interior, os espaços dispõem-se de forma simétrica em torno da escada e do vestíbulo, elementos centrais da casa que conferem monumentalidade ao edifício. Inclui um sumptuoso programa decorativo, com madeiras exóticas, estuques pintados e dourados, frescos, e um elevador, à época um elemento funcional de luxo.
Em 1950 a Câmara de Lisboa comprou aos herdeiros de José Marques o edifício, e quatro anos depois alugava o espaço ao Metropolitano de Lisboa, que o ocupa até hoje. ²
Palacete da Avenida Fontes Pereira de Melo, 28, gaveto com a Rua Andrade Corvo [1971] Sede do Metropolitano de Lisboa Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 81, 1939.
² DGPC
Having read this I believed it was rather enlightening.
ReplyDeleteI appreciate you taking the time and energy to put this informative article together.
I once again find myself spending a significant amount of time both reading and commenting.
But so what, it was still worth it!