Wednesday, 17 August 2016

Palácio de Alvor-Pombal

Janelas Verdes — por quê? Talvez pelas varandas do que foi o seiscentista Palácio Alvor, e, de há meio século, é o Museu Nacional de Arte Antiga. E lá estão, ainda, as janelas verdes, de varões grossos, numa fileira simétrica corrida, dominando os portais armoriados.¹


O Palácio das Janelas Verdes foi edificado em 1690 pelo Conde de Alvor, D. Francisco de Távora, que foi vice-rei da Índia. Com o pretexto da conspiração contra D. José, o palácio foi confiscado aos Távoras herdeiros e, pouco depois. foi adquirido por Matias Aires Ramos da Silva, naturalista e letrado, que foi provedor da Casa da Moeda. Em 1760 passou às mãos de Paulo de Carvalho, irmão do Marquês de Pombal; em 1770 o grande Ministro herdou-o do irmão.

Palácio de Alvor-Pombal |1858|
Rua das Janelas Verdes; à esquerda, o Chafariz das Janelas Verdes
no Largo Doutor José de Figueiredo

Amédée de Lemaire-Ternante, in Lisboa de Antigamente

O Palácio na transposição da posse dos Alvores sofreu modificações na sua fisionomia seiscentista, com restauros e sobreposições ostensivas de nobreza, e fazendo-o cair no rococó, sem todavia o fazer amesquinhar até à trivialidade. O Museu Nacional de Arte Antiga, denominação que data de 1911, foi inaugurado neste Palácio em 12 de Junho[?] de 1884, com a presença do Rei D. Luiz (...).
(Neste Palácio morreu em 26 de Janeiro de 1873 a Imperatriz [do Brasil] Maria Amélia de Beauharnais, segunda mulher de D. Pedro IV [1.° imperador daquele império].²

Palácio de Alvor-Pombal |1939|
Rua das Janelas Verdes; perspectiva tirada do Chafariz das Janelas Verdes  no Largo Doutor José de Figueiredo.
Na Fachada Norte destacam-se dois portais, situados, simetricamente, no tipo de arquitectura nobre, guarnecidos de emolduramento de cantaria, sobrepujado de brasão heráldico dos Carvalhos coroado de marquês.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

O Palácio Alvor é constituído por um grande corpo rectangular, com a face principal voltada a Norte (Rua das Janelas Verdes) e a posterior, sobre jardim, voltada a Sul. A parte correspondente às seis últimas janelas do lado Nascente constitui o prolongamento, integrado este no edifício primitivo e uniformizado no estilo seiscentista do antigo palácio.
 
Palácio de Alvor-Pombal, Fachada  Norte,  já  com  o seu  prolongamento  para Nascente  |1959|
Rua das Janelas Verdes
Observam-se os  dois portais, situados, simetricamente, ao centro da fachada, distanciados um do outro pelo espaço correspondente a três janelas.
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Em sequência, para Nascente, abre-se, entre cortinas gradeadas, o portal de acesso ao pátio e ao jardim. Do lado Nascente do pátio foi construída a casa do fiel do Museu, de tipo seiscentista também; ao fundo levantou-se o edifício do Instituto de exame e restauro de quadros, em linhas modernas e com três desafogados pavimentos (G. Rebêlo de Andrade). A área total, com jardim, é de 5.838m².³

Palácio de Alvor-Pombal |1946|
Rua das Janelas Verdes
Fachada Sul, sobre o jardim, vendo-se a tríplice arcaria central construído em meados do séc. XX.
Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 88, 1943.
² id., Peregrinações em Lisboa, vol. VII, pp. 64-65, 1938.
³ id., Inventário de Lisboa, 1944.

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