A Calçada das Lajes abre, nesta Cruz da Pedra que Estrada foi, por dois palacetes, solares antigos,
situados na esquina dos ângulos exteriores nascente e poente; eles
constituíram na mancha solarenga arrabaldina, a que já aludi atrás, como que uma espécie de porta flanqueada.
O palacete do nascente [Palacete Manique, o 2.º edifício ao fundo] , n.° 34, e sobre cuja verga do portal se vê, em pedra de letra de setecentos, o n.° 2 antigo, pertencia no meado do século passado ao Visconde de Manique (Pedro António de Pina Manique Nogueira Matos de Andrade), filho do famoso Intendente Diogo Inácio de Pina Manique. Passou mais tarde, por compra, a um dos Condes de S. Vicente.
Os herdeiros do último Conde que aqui residiu resolveram desfazer-se desta peça do património da sua Casa, e, então, adquiriu, em hasta pública, o bloco urbano do palacete, com seus amplos terrenos, o industrial de bolachas Eduardo da Conceição e Silva. [...]
Do palacete Manique, para o lado marginal da Rua, saía antigamente um passadiço, ou arco muito decorativo — o Arco da Cruz da Pedra — , demolido para benefício do trânsito em 1837.
O palacete do lado poente, n.° 58 [36-40], pertencia ao Conde da Feira, D. Miguel Pereira Forjaz, no começo de oitocentos, sendo herdado depois por um seu sobrinho, Visconde de Souto de El-Rei ; em 1873 comprou-o judicialmente um tal José Joaquim de Oliveira, e logo em 1875 o adquiriu a Condessa da Foz, já viúva, senhora da família Palha de Faria e Lacerda, que em 1884 o vendeu ao 3.° Conde de Bertiandos, D . Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Menezes, casado com D. Ana de Bragança, da casa de Lafões. O Palacete, que possui alguma história e interesse artístico, está ainda em posse da família Bertiandos.1
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, pp. 37-38, 1939.
No comments:
Post a Comment