O prédio da outra esquina, no Largo [da Academia Nacional de Belas Artes], é dos herdeiros de Iglésias Viana, construção sólida e burguesa do século passado [séc XIX].
Foi aqui o lugar (já o disse) da Igreja dos Mártires, fundada por D. Afonso Henriques, doada aos ingleses cruzados, em padroado do Bispo D. Gilberto; reedificada em 1602 e 1629, desapareceu totalnente com o Terramoto.
Era então a velha Igreja dos Mártires, mais do que S. Vicente, e tanto como a Sê, uma relíquia de Lisboa afonsina.¹
Traduzindo um exemplar de arquitectura residencial neoclássica, foi
edificado, a partir de 1859, segundo o risco do arq.º Giuseppe Cinatti,
em propriedade da família Iglésias. Foi objecto de projecto de ampliação
em 1862, quando ainda estava em construção. Em 1971 foi vendido ao
Estado, que aí instalou o Ministério da Economia, após obras de
readaptação funcional.
Palácio Iglésias |c. 1900| Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 1-3; Rua Vitor Córdon, 2-6A Alexandre Cunha, in Lisboa de Antigamente |
Palacete urbano de planta irregular composta por L
e corpo rectangular desenvolvido, anexado em parte da fachada
posterior, que acompanha o forte declive do terreno. Apresenta fachadas
com número de andares diferenciado, rebocadas e pintadas, com
embasamento, remates, pilastras, frisos e balaustrada em cantaria. A
fachada principal e fachada esquerda são voltadas à rua, enquanto que a
fachada posterior abre-se para pátio rodeado por muro, onde
originalmente existia um jardim de recreio. Caracteriza-se por um
tratamento simétrico das fachadas, com grande contenção decorativa,
limitando-se ao tratamento dos portais, à utilização de balaustrada
sobre cornija e à marcação do piso nobre. Merecem destaque: o tratamento
do portal principal, emoldurado por pilastras simples de capitel
saliente, sobre as quais arranca arco pleno, com pedra de fecho marcada,
rematado por cornija recta sobrelevada, o qual surge ladeado por duas
janelas de peitoril de verga recta, rematadas por duas tabelas com
grinaldas e botões.; e o rasgamento de vãos a ritmo regular, com
molduras rectas de cantaria, onde dominam as janelas de peitoril,
exceptuando no piso nobre, caracterizado pela abertura de janelas de
sacada, rematadas por cornija ligeiramente sobrelevada e guarda em ferro
forjado. Este palacete traduz uma solução arquitectónica de compromisso
entre o peso da tradição construtiva nacional e a formação mais
actualizada, segundo parâmetros europeus, do arquitecto em questão.²
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Bibliografia¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 22-23, 1939.
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