O Palácio Alvito, do Largo do Conde-Barão, não evoca exteriormente em qualquer pormenor a sua nobreza antiga seiscentista. É, contudo, a edificação urbana que mais avulta no local.
O sítio, batido de rio, que veio a denominar-se do Conde-Barão, já era povoado no século XVI, nele se erguendo as casas nobres de Rui Fernandes de Almada, antecessor dos provederes da Casa da India, mais tarde os Almada-Carvalhais.
A seu Poente, esquiando para a actual Rua dos Mastros, levantava-se no começo do século XVII uma casa nobre. Esta casa pertencia, pelo menos já em 1606, aos Lobos da Silveira, Barões de Alvito, mas era seguramente fundação do século XVI, propriedade de uns Quaresmas, dos quais uma descendente, D. Bárbara Quaresma, casara com o 5.ª Barão de Alvito, D. Rodrigo Lobo da Silveira, e, assim, por aquela senhora, ou por doação, a casa de Outeiro da Boa Vista — então se chamava ao sítio — passou aos Alvitos, cujo primeiro barão foi João Fernandes da Silveira, que casou com D. Maria de Sousa Lobo, Senhora de Alvito, de onde a introdução do apelido Lobo nos seus descendentes a par do da Silveira.
Este palácio, grande casarão que foi, está hoje modernizado e irreconhecível no seu aspecto nobre, e só pelo seu passado merece referência.
O 7.º Barão de Alvito, D. Luís Lobo da Silveira, foi distinguido em 1658 com o titulo de 1.° Conde de Oriola, cujo senhorio andava ligado ao dos Alvitos. Derivou disto o dar-se ao sítio o nome, que subsiste, de Conde-Barão.
No palácio, que depois veio a ser, residiram no começo do século XVII os Lobos da Silveira, mormente o 6.º Barão, D. João Lobo da Silveira, e depois os seus descendentes, até ao Terramoto, entre eles D. José António Francisco Lobo da Silveira Quaresma, 8.° Conde de Oriola, 10.º Barão de Alvito e 1.º Marquês deste mesmo titulo (1766), que foi conselheiro de Estado, e presidente do Senado da C4mara de Lisboa (1749).
Os Lobos da Silveira, Condes-Barões, deixaram de residir no seu palácio depois de Terramoto, que o teria danificado, passando a família a habitar casas suas no Bom Sucesso; o palácio do Conde-Barão andava, mais tarde, arrendado, estando nele instalada, pelo menos em 1805, e em parte, uma «grande Casa de Pasto Inglesa», e em 1822 uma repartição do Estado.
O espirituoso 4.º Marquês de Alvito, D. José Lobo da Silveira Quaresma — último do título — camarista dos reis D. Luís e D. Carlos, alienou, em 1860, por troca com uma propriedade em Alverca, o palácio dos seus maiores ao Barão de Vila Nova de Foz Côa, Dr. Francisco António de Campos, que nele fez obras e passou a residir. A propriedade transmitiu-se depois a dois sobrinhos seus, únicos herdeiros, e por morte destes a Luis de Campos Henriques, parente mais próximo, do qual passou para D. Luísa de Campos Henriques de Almeida, Condessa de Pinhel, falecida em 1939. Para partilhas foi o imóvel à praça, adquirindo-o o Banco Esprito Santo, que por sua vez o vendeu à Companhia Cassequel, à qual hoje [1952] pertence. Em 1942 foi arrendado à Escola Académica.
O palácio nos seus tempos áureos teve jardins e hortas, e comm1icava com o palácio dos Almada-Carvalhais, família onde os Lobos da Silveira entroncaram, pelo casamento de D. Inês Margarida de Almada e Lencastre com D. Vasco Lobo da Silveira, 9.º Barão de Alvito o 2.° Conde de Oriola.
Os restauros, benefícios, transformações no velho palácio dos Alvitos, e isto já no actual século [XX], foram tantos que os Lobos da Silveira antigos, se revivessem, hoje não o reconheceriam.
O Interior do Palácio Alvito mostra ainda elementos construtivos e decorativos do século XVIII, que as transformações e restauros, sobretudo do século passado, não fizeram desaparecer.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1952.
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1952.
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