Friday, 21 April 2017

Largo do Museu de Artilharia: Museu Militar, antigo Museu de Artilharia

Eis-nos no Largo do Museu de Artilharia ao fundo da Calçada dêste nome, aberta em 1775 para dar passagem à zorra [4ª foto] que conduzia a Estátua Equestre [de D. José]. para o Terreiro do Paço. 1

 
Vamos visitar o Museu de Artilharia, hoje intitulado, com mais propriedade, Museu Militar (...) A fachada do edifício é, como vês, adornada com colunas monolíticas de ordem coríntia, e coroada de um entablamento com panóplias militares em cantaria.2

 

Museu Militar, antes Museu de Artilharia [c. 1905]
Largo do Museu de Artilharia;a fachada, voltada ao rio, na Rua Teixeira Lopes, é do século XX.
J. A. Cunha Morais, in Lisboa de Antigamente


Aqui assentaram as «tercenas» de D. Manuel, para fundir e guardar artilharia; no tempo dos Filipes este arsenal trabalhava só para espanhóis, e da circunstância derivou chamar-se ao estabelecimento a «Fundição dos Castelhanos›, designação que perdurou mesmo depois da Restauração. 
De 7 a 14 de Julho de 1726 as Tercenas foram reduzidas a cinzas, por um incêndio impossível de atalhar.  
D. João V tratou de reedificar as Tercenas, sendo o risco do francês Larre, mas só se acabando a obra em tempo do Marquês de Pombal (1760). Ficou a Cidade, para a sua época, com um Arsenal moderno; sob o ponto de vista técnico e científico o novo estabelecimento deve-se ao tenente general francês Fernando Chegary, ao general engenheiro Bartolomeu da Costa, e ainda a outros oficiais portugueses.
O Arsenal do Exército, no século XVIII e durante quási todo o século passado, compunha-se de três estabelecimentos: este, ou seja a «Fundição de Baixo», o do Campo de Santa Clara, a poente, defronte das obras de Santa Engrácia, e que se intitulava a «Fundição de Cima», ou «Fundição de Canhões», letreiro que ainda se vê no abandonado edifício, e a «Fundição de Santa Clara», depois «Fábrica de Armas», hoje «Fábrica de Equipamentos e Arreios», a nascente do Tribunal Militar, no sítio onde existiu até 1755 o famoso Mosteiro de Santa Clara. (...)
O Arsenal do Exército conjunto de fábricas militares, como instituição centralizadora, foi extinto em1927. 2

Museu Militar, antes Museu de Artilharia, fachada principal (poente) [c. 1900]
Largo do Museu de Artilharia;o pórtico data de 1874.
Chaves Cruz, in Lisboa de Antigamente
Museu Militar, antes Museu de Artilharia, fachada sul [c. 1900]
Rua Teixeira Lopes (antigo Cais da Fundição); fachada (sul) voltada ao rio Tejo; Igreja de Santa Engrácia (Panteão Nacional).
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

A história do Arsenal — diz Norberto de Araújoestá resumida. Falemos agora do Museu de Artilharia — Museu Militar.
O primeiro Museu, de máquinas e peças militares, foi instituído em 1842 pelo general José Baptista da Silva Lopes, Barão de Monte Pedral (cujo nome depois de 1910 crismou a freguesia de Santa Engrácia), e estava instalado na citada Fábrica de Armas a Santa Clara, onde abriu em 1851.
Só em 1876 o Museu passou a ocupar parte deste edifício do Arsenal do Exército; era a casa, porém, insuficiente e estava velha.
Em 1895 promoverarn-se grandes obras, fazendo-se o prolongamento do edifício até ao Largo dos Caminhos de Ferro; [...]

Museu Militar, antes Museu de Artilharia, fachada sul [1907]
Rua Teixeira Lopes; fachada (sul) voltada ao rio Tejo; colunas (nove) e a balaustrada que faziam parte da rica capela de N. S. da Pureza, no Palácio Foz, aos Restauradores.
Paulo Guedes,in Lisboa de Antigamente

O pórtico, do Largo do Museu, antigo Largo da Fundição, data de 1874, alargado de um portal anterior; [...] a fachada, voltada ao rio, na Rua Teixeira Lopes, é deste século [XX], e assim mais moderna que as fachadas nascente e poente, havendo-se aproveitado as colunas (nove) e a balaustrada que faziam parte da rica capela de N. S. da Pureza, no Palácio Foz, aos Restauradores. 2

Museu Militar, antes Museu de Artilharia [1927] 
Uma recordação do passado: a zorra em que, das suas oficinas, foram transportadas para o Terreiro do Paço a estátua de Dom josé e as colunas que sustentavam o arco triunfal da Rua Augusta.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente











 
Bibliografia
1 ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. X, p. 103, 1939.
2 idem, vol. XV, pp. 12-13, 1939.

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