Sunday, 30 April 2017

Palacete da Rua das Trinas, 70-80

E é que estamos exactamente na  Rua das Trinas: Mocambo velho. Crismou-se esta Rua de 1911 até ao ano passado [1937], em Rua Sara de Matos, em memória daquela educanda do Convento das Trinas que foi dada, em escândalo publico, como envenenada intencionalmente na casa religiosa. A pobre rapariga, que repousa, há muito esquecida  túmulo privado no Cemitério dos Prazeres não merecia, com efeito, seu nome numa rua de Lisboa.


Em terrenos pertencentes à Casa Cadaval foi construído, na segunda metade do século XVIII, este elegante edifício pombalino, embora seja de crer que a sua conclusão se tenha dado já em inícios do século seguinte. Em 4 de Janeiro de 1935, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa, por proposta do seu membro, coronel Pereira Coelho, deliberou colocar na fachada da casacom jeito de pequeno solar —, uma lápide comemorativa, assinalando que aí viveu Mousinho de Albuquerque (1855-1902), o "herói das campanhas de África e de Chaimite".

Palacete da Rua das Trinas, 70-80 [1953]
Antiga Rua Sara de Matos (entre 1911 e 1937)

Casa onde viveu Mouzinho de Albuquerque (1855-1902)
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

A fachada principal, regular e simétrica, de 2 pisos, coroada por uma mansarda mardeliana, é ritmada pela alternância de vãos de janela e vãos de largas portas ao nível do piso térreo, e pela sequência de 7 varandas de sacada com gradeamento em ferro forjado ao nível do 1º andar.
Sabe-se que em 24 de Novembro de 1884, o comerciante João José Martins Pereira compra o domínio útil da propriedade — o edifício mantinha um prazo foreiro à Casa Cadaval — aos herdeiros de D. Emília das Mercês Costa, tendo o edifício sido vendido, em 1926, ao Dr. Baltazar Freire Cabral.
As portas laterais, com os nºs 70 e 78 dão para lojas. Na primeira existia uma vacaria, pertencente a Theotónio da Cruz, com arrendamento de 1911, na segunda, Joaquim Malaquias dos Santos possuía uma mercearia, com arrendamento de 1916. Esta última, apesar de algumas alterações nem sempre felizes, mantém a interessantíssima decoração do início do século que urge proteger.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, 1038.
CASTRO, Zilia Osório de, Lisboa 1821: A Cidade e os Políticos, 1996.

2 comments:

  1. Belo documento.
    M. Seufert

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  2. Very energetic blog, I liked that a lot. Will there be a part 2?

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