O Teatro S. Luiz tem mais história. Foi edificado em 1893 por iniciativa de Guilherme da Silveira, em terrenos cedidos pela Casa de Bragança. Era então o Teatro de D. Amélia. O risco do Teatro de D. Amélia foi de Luiz Ernesto Reynaud, com decorações de Manini e Rossi.
Fundado por Guilherme da Silveira, Celestino da Silva, António Ramos e Visconde de São Luíz de Braga, inaugurou-se em 22 de Maio de 1894 — com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia —, o Teatro D.Amélia. Foi apresentada a opereta de Offenbach «A Filha do Tambor-Mor», com uma sala completamente cheia. Posteriormente as maiores figuras da cena mundial, como Sarah Bernhardt Eleanora Duse, pisaram o seu palco e, com maior frequência, os inesquecíveis João e Augusto Rosa, Eduardo Brasão, Ângela Pinto e tantos outros.
Teatro República, ex—D. Amélia e futuro São Luiz [c. 1914] Rua António Maria Cardoso, antiga do Tesouro Velho (até 1890); do lado direito nota-se o (novo) Chafariz do Loreto. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Em 1911 o teatro alterou o seu nome para «República» e, três anos mais tarde, de 13 para 14 de Setembro de 1914, ardia totalmente. Apenas foi poupada parte do «Jardim de Inverno», onde António Ramos e o Visconde de São Luís de Braga (então únicos interessados no teatro) haviam organizado uma brilhante tertúlia literária e teatral. Contudo, graças ao entusiasmo e dedicação dos seus proprietários, o grande edifício foi reconstruido e reabriu as suas portas em 16 de Janeiro de 1916 com a peça «Os Postiços», de Eduardo Schwalbach, interpretada por Augusto Rosa, Chaby, Eduardo Brasão, Ângela Pinto e Lucinda Simões.
Jardim de Inverno do Teatro São Luiz [1928] Rua António Maria Cardoso, antiga do Tesouro Velho (até 1890) Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Companhia teatral à porta do Teatro Dona Amélia, actual Teatro Municipal de São Luis [c. 1910] Rua António Maria Cardoso Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Até à morte do Visconde de São Luiz de Braga, a actividade teatral foi predominante e intensa, dando lugar, depois, à opereta, sob a direcção de Armando de Vasconcelos.
Em 7 de Abril de 1928, nova e profunda alteração sofreu o mais elegante dos teatros de Lisboa, para permitir a introdução nas suas salas do espectáculo mais em voga, da novidade desse tempo: o cinema. Depois de algumas remodelações na decoração e estruturas e no nome (passou nessa data a chamar-se «São Luiz», em homenagem ao Visconde de São Luís de Braga) estreou-se o filme «Metropolis», de Fritz Lang, dos mais caros produzidos na época: cerca de 40 mil contos.
Chegada ao Teatro de São Luiz [s.d.]
Rua António Maria Cardoso
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente
|
Simultaneamente, eram organizados concertos com grandes orquestras e solistas nacionais e estrangeiros.
Adquirido pelo Município de Lisboa, em 6 de Maio de 1971, o «São Luiz» passou a ser o primeiro teatro Municipal de Lisboa, satisfazendo os anseios expressos de numerosas camadas da sua população.
Teatro Municipal de São Luís, sala de espectáculo [c. 1955] Rua António Maria Cardoso Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Teatro Municipal de São Luís, foyer [c. 1900] Rua António Maria Cardoso Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
No tempo do Visconde de S. Luiz de Braga o «foyer» deste Teatro — recorda Norberto de Araújo — constituía uma tertúlia de artistas e escritores, o «cercle» literário de Lisboa; a tradição intelectual perdeu-se, ou sumiu-se. É, porém, ainda hoje [1939] um Salão de elite — tornado «Cinema S. Luiz». Sim; aqui, em referência à arte nobre do teatro, pode dizer-se: «tout passe...».
Foyer do antigo teatro Dona Amélia, depois, teatro Municipal de São Luís [c. 1910] Jantar de homenagem a Leal da Câmara- Rua António Maria Cardoso Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 13, 1939.
Revista municipal Lisboa, pp. 61-62, 1971.
No comments:
Post a Comment