Saturday 8 October 2016

Palácio do Machadinho

Aquele Pinto Machado, que tinha o seu palácio na Rua do Machadinho — diminutivo que nasceu do apelido do fidalgo —, foi quem fez rasgar, depois de 1758, uma serventia já desenhada desde 1680 — «Caminho Novo» — na quinta de D. Francisco Xavier Pedro de Sousa, por alcunha o «Quelhas», quinta na qual o fidalgo tinha sua casa, que bem pode ter sido aquela onde assentou o palácio dos Pintos Machados. 

 

A Rua do Machadinho, de acordo com o olisipógrafo Luís Pastor de Macedo («Lisboa de Lés a Lés») foi a «Rua do Acipreste» que já em 1805, no Livro de óbitos da freguesia de Santos, surge como Rua do Machadinho, topónimo «dado pelo vulgo em razão de nela ser erguer [no nº 20 da artéria] o Palácio do Machadinho, assim conhecido por ter sido mandado restaurar ou edificar por José Machado Pinto, fidalgo cavaleiro da Casa Real, Coronel de Auxiliares e administrador geral do Contrato de Tabaco, que nele faleceu em 22 de Abril de 1771, deixando viúva D. Isabel de Sousa Ventaga (ou Vetingão)».

Palácio do Machadinho |c. 1940|
Rua do Quelhas, 13; Rua do Machadinho, 18-22; Beco do Machadinho (muro); Travessa dos Inglesinhos
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Na segunda metade do século XVIII, José Pinto Machado, o Machadinho, fidalgo da Casa Real, torna-se proprietário de um palácio seiscentista à Madragoa, empreendendo uma campanha de reedificação, ampliação e redecoração do edifício. Após a sua morte sucedem-se os proprietários e inquilinos, dos quais se destacam o poeta António Feliciano de Castilho e seu filho, o olisipógrafo Júlio de Castilho. Adquirido pelo município, em 1948 é alvo de um grande restauro que recriou o esplendor perdido graças à reutilização de azulejos provenientes de outros edifícios da cidade. Destaca-se o salão com tectos estucados por João Grossi. O jardim foi redesenhado pelo arq.º Ribeiro Telles.

Palácio do Machadinho, portão com pedra de armas |1968|
Rua do Machadinho, 20
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Entre os painéis de azulejo que ornamentam as salas do piso nobrefigurando cenas mitológicas, profanas (festas galantes) que ornamentam algumas salas reconhecem-se, pelo desenho e composição, conjuntos diversos, datáveis período joanino. Nos jardins reconhece-se uma construção de planta hexagonal (casa de fresco), coberta por cúpula revestida de azulejo, bancos e conversadeiras revestidos com azulejos polícromos setecentistas (reaproveitados). A pedra de armas é um escudo partido, ao 1º de Pintode prata com 5 crescentes de vermelho postos em sautore ao 2º de Machado de vermelho com 5 machados de prata encabados de ouro postos em sautor. Como timbre : um elmo com dois machados em aspa.

Palácio do Machadinho, portão e pedra de armas |1968|
Rua do Quelhas, 13; Rua do Machadinho, 18-22; Beco do Machadinho (muro); Travessa dos Inglesinhos
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, p. 33, 1938.
cm-lisboa.pt/toponimia; monumentos.pt.

1 comment:

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