Friday 7 April 2023

Rua Primeiro de Maio que foi de S. Joaquim

Na Rua Primeiro de Maio nos encontramos ainda, uns dez passos adiante do Convento das Flamengas. Exactamente neste prédio vulgar do fim do século passado [XIX]  — recorda Norberto de Araújo —  assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes (ao Calvário), no qual se integrava a Ermida ou Capela de S. Joaquim e Sant'Ana, fundada pela Marquesa de Fontes, D. Joana Lima de Lencastre, e da qual derivou o nome de S. Joaquim que esta artéria teve até pouco depois da proclamação da República. A desaparecida Ermida de S. Joaquim (que o Terramoto poupou, mas que a urbanização do sítio houve de sacrificar) serviu, depois do sismo de 1755 e até Junho do ano seguinte, de igreja patriarcal. 

Rua Primeiro de Maio |1964|
Onde se observa o edifício de três pisos assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes, no qual se integrava a Ermida ou Capela de S. Joaquim.
Legenda da fotografia no arquivo: Obras para a construção da ponte 25 de Abril.
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Ostentou boas pinturas sacras de Vieira Lusitano, cujo destino não sabemos qual tenha sido. Do lado sul, toda a área pertenceu, até aos meados do século passado, aos Condes da Ponte (Melo e Torres que entroncaram nos Saldanhas); este pedaço de Santo Amaro estaria compreendido nos bens do Morgadio Saldanha de que adiante te falarei.
Tudo desapareceu; dos Condes da Ponte resta hoje o nome na Travessa, contígua pelo poente, aos edifícios da Companhia dos Eléctricos, a qual absorveu, quando a Companhia Carris era ainda de viação animal, palácio, casas, pátio, terrenos do granjeio daquela ilustre família.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 42-43, 1939)

Rua Primeiro de Maio |1968|
Onde se observa o edifício de três pisos, assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes; ao fundo nota-se o Convento das Flamengas.

Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Rocha Martins, levanta no seu livro Lisboa de Ontem e de Hoje uma tese que é também a de Luís de Oliveira Guimarães, em Lisboa e Eça de Queirós: a de que nas suas linhas gerais o Ramalhete tenha sido inspirado pelo palácio da família Sabugosa, na antiga Rua de São Joaquim, ao Calvário, perto de Santo Amaro, hoje Rua Primeiro de Maio.

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