Com um grande logradouro e um esplêndido terraço um outro palácio em que durante bastantes anos esteve a legação da Noruega, e em que o Ministro Frim Koren deu algumas belas festas. Fôra essa casa o Palácio dos Condes da Ponte, esteve ali residindo o Núncio Acciaiuoli. Agora está ali instalada uma secção da Administração-Geral do Porto de Lisboa. [Olisipo; 1955]
Este exemplar de arquitectura residencial ecléctica foi mandado edificar
pelos Condes da Ponte [família Melo Torres, vd. N.B.], que no final do primeiro
quartel do séc. XVIII já habitavam o espaço. Em 1762, o palacete foi
adquirido pela família Posser de Andrade e manteve-se na sua posse até
cerca de 1950. Precisamente nesta década, de 50, o imóvel passa para as
mãos do Porto de Lisboa, que aí instala a sua Administração, datando
desta época o alteado de um piso, assim como a alienação dos terrenos
envolventes, com dependências da casa, a outras instituições.
Palácio dos Condes da Ponte |c. 1865| Rua da Junqueira, 94-96; Palácio Burnay Augusto Xavier Moreira, in Lisboa de Antigamente |
Palácio dos Condes da Ponte, jardim [1922-10-08] Rua da Junqueira, 94-96 Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
De planta longitudinal, o edifício desenvolve-se em três pisos, o último dos quais acrescentado em meados do séc. XX, reaproveitando a platibanda primitiva, de cantaria, desenhada em círculos intersectados.
A fachada
principal, de composição simétrica, divide-se em três panos murários,
delimitados por pilastras. Merecem destaque, no pano principal, o topo
rematado por frontão triangular e o diálogo harmonioso entre o portal
com moldura de recorte contracurvado e as janelas de sacada com guardas
em ferro forjado do andar nobre [2.º piso].
O extenso alçado lateral, também
estruturado em três pisos, surge animado pela abertura de 15 vãos [vd. 2.ª imagem]
rectangulares por piso, que no andar nobre [2.º piso] correspondem a janelas de
sacada com guardas em ferro, coroadas por verga recta saliente, de
cantaria.
No interior, apesar das alterações resultantes de obras de adaptação às novas funções, ainda podemos observar os painéis de azulejos, assinados por Jorge Colaço, onde figuram D. Dinis e a Rainha Santa, localizados no vestíbulo de entrada, duas outras composições azulejares da Fábrica Viúva Lamego e dois vitrais neo-Arte Nova, representando respectivamente motivos florais e uma alegoria ao Porto de Lisboa, localizados junto à escadaria principal. [cm-lisboa.pt]
Palácio dos Condes da Ponte [post. 1966] Rua da Junqueira, 94-96; Palácio Burnay Destaca-se o portal com moldura de recorte contracurvado e o 3.º piso acrescentado em meados do séc. XX. Fotografia anónima, in Lisboa de Antigamente |
N.B. Francisco de Melo e Torres, 1.º conde da Ponte e 1.º marquês de Sande [c. 1610-1667]. Militar e diplomata português do século XVII. Foi-lhe ministrada uma cuidada educação por jesuítas, com destaque para a matemática e a geografia. Desempenhou funções de chefia militar na Batalha do Montijo, em 1664, e chegou a general.
Fazia parte dos "Fidalgos conhecidos por Quarenta Conjurados e que depois se acharam na feliz Aclamação do Senhor Rei D. João IV, e restituição que se lhe fez deste Reino de Portugal", em 1640.
Foi também governador de Olivença. Iniciou a carreira diplomática durante a regência de D. Luísa de Gusmão. Negociou o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, em 1661, e contratou depois o casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca Isabel de Saboia, realizado em 1666. Foi assassinado em 1667.
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