Mais tarde, em 1925, cerca de 50 condutores associam-se, formando uma nova Companhia; foram os táxis Palhinhas.
Teria sido por 1907 que surgiram nas ruas de Lisboa os primeiros
automóveis de aluguer, transformados em chauffeurs os cocheiros das
tipóias. O preço era como nestas, à corrida, ainda não havia os
aparelhos de taxímetro que só apareceram por 1910. Todavia, com a
Primeira Guerra, faltou a gasolina e os automóveis recolheram, voltando
as tipóias à rua. Embora a guerra acabasse em 1918, dificilmente se
restabeleceu o fornecimento de combustíveis, uma vez que viriam nos
navios-tanques que pouco a pouco foram construindo, a navegação a
recuperar-se das enormes perdas ocasionadas pelos submarinos alemães. Só
por volta de 1925, devido à iniciativa dum grupo de motoristas,
se criou, em Lisboa, a Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs que lançou
na praça os célebres ‹‹Palhinhas››, que foram, na altura, um autêntico
êxito, disputando-se os carros em plena rua.
António Domingues dos
Santos, motorista do Diário de Notícias, ao serviço de Augusto de Castro
e Eduardo Schwalbach, foi um dos impulsionadores da cooperativa.
Os primeiros onze táxis «palhinhas» que apareceram em Lisboa [1933-11-23] Rua de O Século; Palácio dos Viscondes de Lançada, edifício-sede do jornal O Seculo. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Começaram o negócio com onze carros, bandeirada a 1$00, mas a procura era tal e o resultado tão positivo que bem depressa o seu número subiu para uma centena. Eram todos eles de marca «Citroen» e tiveram inicialmente a sua praça no tabuleiro de baixo da estação do Rossio. Ainda hoje [em 1974] há aí, encostado ao Café Restauração, uma praça desses táxis devidamente assinalada por uma tabuleta. Eu gosto de olhar para ela, sabe a senhora? É o passado a meter-se no presente!.
A Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs foi adquirida pela Companhia de Viação Sernache em 1976 e, mais tarde, foi integrada na Rodoviária Nacional.
Título de Acções da Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs |
Nota(s): Os «palhinhas» logo conheceram popularidade devido a cabine dos passageiros ser de palha entrançada, mesmo quando, em 1929, só um friso pintado substituiu o material da carroçaria.
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Bibliografia
CALDERON, Dinis, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1900-1974, p. 128, 1986.
CAPITÃO, Maria Amélia da Motta, Subsídios para a história dos transportes terrestres em Lisboa no século XIX, pp. 118-119, 1974.
FRANÇA, José Augusto, Os anos vinte em Portugal, 1992-
Beautiful history!
ReplyDeleteMuito interessante! Parabéns artigo (fotos e texto)
ReplyDeletepequena nota: A cabine não era de palha entrançada. Era pintada com esse motivo (iguais aos Taxis Citroën franceses), e daí terem ganho a alcunha. Segunda Nota: Após os Táxis, a CLC passou a ser essencialmente uma empresa de camionetas de passageiros, com diversas linhas sazona de Lisboa. Por isso a sua venda à Companhia de Viação de Sernache. As camionetas mantiveram o friso "de palhinha".
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