Sunday, 12 February 2017

Os primeiros táxis Palhinhas

Mais tarde, em 1925, cerca de 50 condutores associam-se, formando uma nova Companhia; foram os táxis Palhinhas.


Teria sido por 1907 que surgiram nas ruas de Lisboa os primeiros automóveis de aluguer, transformados em chauffeurs os cocheiros das tipóias. O preço era como nestas, à corrida, ainda não havia os aparelhos de taxímetro que só apareceram por 1910. Todavia, com a Primeira Guerra, faltou a gasolina e os automóveis recolheram, voltando as tipóias à rua. Embora a guerra acabasse em 1918, dificilmente se restabeleceu o fornecimento de combustíveis, uma vez que viriam nos navios-tanques que pouco a pouco foram construindo, a navegação a recuperar-se das enormes perdas ocasionadas pelos submarinos alemães. Só por volta de 1925, devido à iniciativa dum grupo de motoristas, se criou, em Lisboa, a Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs que lançou na praça os célebres ‹‹Palhinhas››, que foram, na altura, um autêntico êxito, disputando-se os carros em plena rua. 
António Domingues dos Santos, motorista do Diário de Notícias, ao serviço de Augusto de Castro e Eduardo Schwalbach, foi um dos impulsionadores da cooperativa. 

Os primeiros onze táxis «palhinhas» que apareceram em Lisboa [1933-11-23]
Rua de O Século; Palácio dos Viscondes de Lançada, edifício-sede do jornal O Seculo.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Começaram o negócio com onze carros, bandeirada a 1$00, mas a procura era tal e o resultado tão positivo que bem depressa o seu número subiu para uma centena. Eram todos eles de marca «Citroen» e tiveram inicialmente a sua praça no tabuleiro de baixo da estação do Rossio. Ainda hoje [em 1974] há aí, encostado ao Café Restauração, uma praça desses táxis devidamente assinalada por uma tabuleta. Eu gosto de olhar para ela, sabe a senhora? É o passado a meter-se no presente!.
A Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs foi adquirida pela Companhia de Viação Sernache em 1976 e, mais tarde, foi integrada na Rodoviária Nacional.

Título de Acções da Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs

Nota(s): Os «palhinhas» logo conheceram popularidade devido a cabine dos passageiros ser de palha entrançada, mesmo quando, em 1929, só um friso pintado substituiu o material da carroçaria.
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Bibliografia
CALDERON, Dinis, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1900-1974, p. 128, 1986.
CAPITÃO, Maria Amélia da Motta, Subsídios para a história dos transportes terrestres em Lisboa no século XIX, pp. 118-119, 1974.
FRANÇA,  José Augusto, Os anos vinte em Portugal, 1992-

3 comments:

  1. Muito interessante! Parabéns artigo (fotos e texto)

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  2. pequena nota: A cabine não era de palha entrançada. Era pintada com esse motivo (iguais aos Taxis Citroën franceses), e daí terem ganho a alcunha. Segunda Nota: Após os Táxis, a CLC passou a ser essencialmente uma empresa de camionetas de passageiros, com diversas linhas sazona de Lisboa. Por isso a sua venda à Companhia de Viação de Sernache. As camionetas mantiveram o friso "de palhinha".

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