Na noite de sete de Março de 1914, Fernando Pessoa, poeta e fingidor, sonhou que acordava. Tomou o café no seu pequeno quarto alugado, fez a barba e vestiu-se com esmero. Enfiou a gabardina, porque lá fora chovia. Quando saiu faltavam vinte minutos para as oito, e às oito em ponto estava na estação do Rossio, na plataforma de comboios com destino a Santarém.
(Antonio Tabucchi. «Sonho de Fernando Pessoa, poeta e fingidor». Sonho de Sonhos, 1914)
Estação do Rossio: rampa para o Largo do Duque do Cadaval [c. 1900] A Estação Central da C. P. do Rossio — traço do arq.º Luis Monteiro — começada a construir em 1887 é inaugurada em 1888. Fotógrafo não identificado,in Lisboa de Antigamente |
Palmilhei a rampa que leva à Estação. Por entre o tropel de passageiros
golfados do último comboio, proveniente lá do calcanhar de Judas,
enxerguei ao alto, para as Escadinhas do Duque, uma lanterna vermelha
que me acenava com quartos de pernoitar.
(RIBEIRO, Aquilino, Lápidees Partidas, 1969)Rampa da Estação do Rossio [c. 1940] Calçada do Carmo; Calçada Duque Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Calçada Duque (de Cadaval) Esta via pública começou a chamar-se Calçada do Duque — recorda Vieira Silva— , até à Rua da Condessa, depois que o Duque de Cadaval tomou de aforamento em 1699 uma extensa propriedade, que descrevemos, cuja frente sul confinava com a calçada. Da Rua da Condessa para cima chamava-se Rua do Postigo de S. Roque, ou Calçada de S. Roque. Em 1780 ainda assim acontecia, como pode ver-se na planta da Freguesia do Sacramento que faz parte do Plano de Divisão e Translação das Parochias de Lisboa, aprovado pelo alvará régio de 19 de Abril desse ano. Actualmente o nome Calçada do Duque aplica-se à via pública em escadaria que começa na Calçada do Carmo, no alto da segunda rampa de acesso à estação de Caminho de Ferro do Rossio [vd. imagem abaixo], e termina no Largo Trindade Coelho antigo de S. Roque.(VIEIRA DA SILVA, Augusto, A Cerca Fernandina de Lisboa, 1987)
Ainda se mantém.
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