Com as suas montras de larga projecção — diz Mário Costa — metem-se-nos pelos olhos os Armazéns de Eduardo Martins (fazendas e modas), que do lado da Rua Nova do Almada abrangem os números 103 a 115.
Estes armazéns, fundados em 1889, por Eduardo David Martins, e que hoje ocupam todo o prédio, foram de evolução lenta, tendo por norma seguir a espécie de negócio dos estabelecimentos que tomavam. Começaram pelos números 111 a 115, e, em 1894, mudavam-se para os números 103 a 107 (rouparia de senhora). Anos depois, voltaram-se para a Rua Garrett, e tomaram conta dos números 1 a 11 (Grande armazém de fazendas, modas, confecções e encovais para noivas e crianças). E foi em 1907 que, devido às grandes e profundas remodelações introduzidas, se estabeleceu a ligação entre os vários compartimentos.
Este armazém tem a representação do popular Botequim do Lourenço, de Lourenço Manuel Fernandes, que acabou em 1837, e dera sucessão a uma casa das mais importantes do Chiado, pertencendo a José Gregório da Silva Barbosa, depois Barbosa & Barbosa, em notória rivalidade coma Loja do Magalhães, situada do outro lado da rua. Beneficiara bastante da presença de Herculano, ao qual se juntavam o escritor Gomes de Amorim, grande admirador de Garrett, os pintores Anunciação e Thomazini, e os escultores Simões de Almeida e Soares dos Reis.
Armazéns de Eduardo Martins [ant. 1907] Rua Nova do Almada, 103-115 com a Rua Garrett, 1-11 Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente |
N.B. O gaveto onde se encontravam os Armazéns de Eduardo Martins teve que ser demolido após o grande incêndio de Agosto de 1988. Como que por milagre — referia o "DL" — «permaneceram intactos alguns dos vidros negros e dourados com a publicidade quase centenária da casa, assim como adornos de cantaria do edifício». Um destes adornos de cantaria ainda hoje pode ser admirado entre os n.ºˢ 11 e 13 da Rua Garrett, preservado após a reconstrução que se seguiu segundo risco do arq.º Siza Vieira.
Armazéns de Eduardo Martins [ant. 1907] Rua Garrett, 1-11 com a Rua Nova do Almada, 103-115 Frente sobre a Rua Nova do Almada Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
COSTA, Mário, O Chiado pitoresco e elegante, pp. 279-280, 1987.
O gaveto do Eduardo Martins, era o local de encontro entre mim e a minha mãe, visto que cada vez queíamos a Baixa, perdiamos-nos uma da outra......que saudades !
ReplyDeleteE o elevador dos armazéns do chiado??? Uma obra de arte!!!
ReplyDeleteNa foto da Rua Nova do Almada um ou dois metros abaixo dos armazéns, encontrava-se a bonita "pastelaria Ferrari".
ReplyDeleteA seguir ao Eduardo Martins e antes de chegar à Pastelaria Ferrari (era também restaurante à hora do almoço) havia a porta de entrada para o fotógrafo L. Lourenço (Rua Nova do Almada, n°95, 1° esq.). Dizem-me que o fotógrafo Lourenço foi o herdeiro do estabelecimento e do arquivo do célebre fotógrafo de Lisboa, Marc Le Noir.
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