Os quiosques que embelezam Lisboa a partir da segunda metade do século XIX tiveram a sua época áurea por volta de 1900. No Rossio, no Cais do Sodré, no Largo da Misericórdia, Príncipe Real, Alcântara, por esta Lisboa encontrávamos sempre um quiosque para nos vender uma caixa de fósforos ou tomar um jeropiga.
Situavam-se
em locais escolhidos, mais ou menos com a mesma fábrica arquitectónica.
Tivera a iniciativa de implantar os ‹‹Kioscos››, nome com que foi
requerida à Câmara Municipal, nesses tempos recuados de 1867, D.
Tomás de Mello, espírito generoso, de ideias avançadas, boémio e
literário, homem de teatro e até comerciante, justificando a sua
proposta com o embelezamento das praças e ruas da cidade, ao mesmo tempo
que seriam pequenos estabelecimentos de franca utilidade pública, como
aliás já existiam nas grandes cidades da estranja! Foi aprovado o projecto dos ‹‹Kioscos››, designação depois aportuguesada, uma vez que se tornaria mais fácil para o vulgo, retirando-lhe, portanto, a sua origem oriental, lojas para a venda de tabaco e fósforos, água fresca e capilés, café e bagaço, jornais e revistas, determinando a Câmara que se estudasse o modelo e os locais onde deveriam fixar-se.
Quiosque da Praça do Príncipe Real, nascente [1908] Antiga Praça do Rio de Janeiro, topónimo de 1859 Joshua Benoliel, iin Lisboa de Antigamente |
As causas reais que levaram à demolição de muitos dos Quiosques que existiram em Lisboa são praticamente desconhecidas. Ou porque o seu estado de degradação a isso obrigasse sem que, no entanto, "merecessem" restauração, ou porque a modificação do traçado das ruas e avenidas e os melhoramentos dos passeios o tornasse imprescindível, o certo é que eles lá foram desaparecendo. E foram 45. O Quiosque da Praça do Príncipe Real, canto nascente, apresentava as seguintes características:
Estrutura
Base de madeira. Secção octogonal. Balcão de pedra suportado por pernas trabalhadas em madeira. Corpo alto com janelas a toda a volta. Cúpula metálica em forma de pirâmide com oito gomos, suportada por mísulas em madeira.
Particularidades
Particular. Muito frequentado. Apresentava uma taça em pedra para os utentes deitarem os restos das bebidas.
N.B.
Este quiosque (nascente) já aparece referenciado no Levantamento
topográfico de Francisco Goullard em 1890 (vd. planta). No mesmo local
foi levantado um outro que pode ser visto aqui.
Bibliografia
DINIS, Calderon, Tipos e Factos da Lisboa do meu tempo, 1986.
CAEIRO, Baltasar de Matos, Quiosques de Lisboa, 1951.
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Muito interessante a cultura de quiosques, que na altura se sentia um pouco por toda a Lisboa. Por outro lado, interessante é também, como as fotos "falam" e veiculam História, de como era a cidade e se vivia. É de grande visibilidade a presença de gente Galega em Lisboa,sempre prontos a servir e a trabalhar:os chamados fretes. Na foto, um pouco afastados dos fregueses ,junto ao quiosque lá estão(espero não estar enganado), os nossos queridos amigos Galegos à espera pacientemente, de serem requisitados os seus serviços.....
ReplyDeleteEmbora a legenda da foto diga o contrário, esse quiosque é do lado poente.
ReplyDeletePrecisamente no topo oposto ao que está referenciado no levantamento topográfico.
Já agora, aproveito para dizer que adoro este blog e que o visito com frenquência.
Cumprimentos.
Também achei o mesmo quando vi o mapa pela primeira vez, mas a rua do Século, Jasmim e Palmeira orientaram-me depois.
DeleteBonito blogue cheio de curiosidades!
Parabéns e obrigado ao autor.
O seu a seu dono. Peço desculpa em relação ao meu comentário anterior. O quiosque é de facto o do lado nascente. Olhei para a foto com olhos de ver e verifiquei que fui enganado pela perspectiva :)
ReplyDeleteCumprimentos.
Tudo bem. Frato pelo apreço.
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