As Torres fazem o encanto místico das cidades que se desentranharam em devoção. Elas, e as chaminés das fábricas, são as espigas altas da seara urbanista. Das chaminés sai fumo; das torres eleva-se o incenso do passado religioso, e, com ele, certa poesia que pelos bairros se dilui.
As torres da Estrela vêem-se de toda a parte. As ruas convergentes à Praça são enfiamentos perspectivais que o acaso desenhou, ao fundo dos quais, sobre a ramaria dos jardins ou sobre a amálgama do casario da Lapa, se destaca em alvura a silhueta do Zimbório, coroado de lanternim, acolitado na cerebração visual pelas duas torres da frontaria, simétricas e finas, diáconos do bom abade, vestido de baroco.A Basílica do Coração de Jesus, obra dos arquitectos da escola de Mafra, foi consagrada em 1789, já no Convento se haviam recolhido as freiras carmelitas de Santo Alberto. O Zimbório é o coroamento audacioso desta mole arquitectónica. Em seu redor, por todos os quadrantes, Lisboa desdobra-se em quadros iluminados. Na sua imponência alcandorada a Basílica é o frontal da mais álacre praça de Lisboa.
Basílica do Sagrado Coração de Jesus (ou da Estrela) |ant. 1913| Praça da Estrela Em primeiro as carruagens do antigo Elevador Estrela.Camões extinto em 1913 Marcel Dieulafoy, in Lisboa de Antigamente |
Cruz Alta erguida sobre o espelho verde-azul do Tejo, a lupa assestada sobre a grinalda dos parques aristocráticos, sobre o tumulto das docas e cais, sobre as humildes distâncias bairristas.Ave-Maria do Ocidente, chega-lhe ao alto a respiração cálida da cidade.O monumento, tal a Praça e o Jardim da Estrela, deve este nome — tão lindo como o da Graça e o da Alegria — à vizinhança fronteiriça do Hospital Militar, que fora desde 1571 a 1818 o Convento de Nossa Senhora da Estrela, dos frades de S. Bento, casinha erigida sob uma lomba de olivais.A Basílica leva cento e cinquenta anos. A Estrela é quinhentista na designação.Pelo sítio amável deste bairro, hoje dilatado e formoso, passam ainda o capuz de um frade e a sombra do jumentinho que levava os cestos de azeitona dos olivais de S. Bento aos lagares da Horta Navia.
Basílica do Sagrado Coração de Jesus (ou da Estrela) |ant. 1913| Praça da Estrela Marcel Dieulafoy, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de Araújo, Legendas de Lisboa, pp. 84-85, 1943.
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