O Colyseo dos Recreios — no dizer de Alfredo Mesquita — é a maior casa de espectáculos que se tem construído em Lisboa. Está situado na Rua das Portas de Santo Antão, próximo da Igreja de S. Luiz Rei de França [refere-se à Igreja de São Luís dos Franceses]. Para a realização do projecto do architeto Goulard, foi necessário fazer naquelles terrenos um desaterro de 16 metros de altura, construindo-se muralhas de suporte que têm 6 metros de espessura.
O circo apresenta um grandioso aspecto, podendo comportar 8.000 pessoas, em 110 camarotes, 1.500 cadeiras, duas enormes galerias, um vasto promenoir, e uma muito espaçosa geral em toda a volta do circo. Cobre o edifício uma formidável cúpula de ferro, construída por Hein Lehmann, de Berlim.
O palco é de amplas dimensões, e presta-se a ser explorado com peças de
grande espectáculo. Em parte do edifício, á frente, está instalada a
Sociedade de Geographia de Lisboa, com o seu muito interessante museu
colonial e a sua grande sala de conferencias. A inauguração do Coliseo dos Recreios foi no dia 14 de Agosto de 1890, com a opera cómica de Suppé — Boccacio, cantada por uma companhia italiana.
Coliseu dos Recreios [entre 1899 e 1901] Rua das Portas de Santo Antão Nesta imagem são visíveis as «calhas» do antigo «Elevador de S. Sebastião». Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Hoje — prossegue o mesmo autor em 1903 —. a grande afluência do povo converge para o Colyseo dos Recreios. De inverno, são os cavallinhos, os acrobatas, os clowns, os animaes sábios, os palhaços excêntricos, as
pantomimas, as cantoras de café-concerto, que constituem os atrativos
d’aquelle circo. No verão, são as companhias italianas e hespanholas de
opera e de zarzuela que lhe proporcionam as enchentes. O alfacinha teve
sempre uma viva sympathia pelos circos de cavallinhos, e pelos theatros
de canto.
Coliseu dos Recreios, fachada e interior [c. 1890] Rua das Portas de Santo Antão in Lisboa de Antigamente |
Coliseu dos Recreios, cúpula de ferro [c. 1890] Rua das Portas de Santo Antão in Lisboa de Antigamente |
Vem a-propósito lembrar que, episodicamente, correu
aqui há quarenta anos [c. 1900] uma linha dupla de viação por cabo
subterrâneo» — escreve Norberto de Araújo nas suas Peregrinações — referindo que «Lisboa conheceu ainda uma
«Companhia de Viação Funicular» que montou uma única linha — o «Elevador
de S. Sebastião» [vd. 1ª foto].
Esta linha dupla de viação por cabo subterrâneo saía do Largo de S. Domingos, junto à caixa do Teatro D. Maria II, e seguia por Santo Antão, S. José, Santa Marta, Largo do Andaluz, Rua de S. Sebastião, até às «portas» de S. Sebastião da Pedreira. Esta iniciativa teve, porém, a duração das rosas: inaugurada a carreira em 15 de Janeiro de 1899, a companhia abria falência em 1901.
Esta linha dupla de viação por cabo subterrâneo saía do Largo de S. Domingos, junto à caixa do Teatro D. Maria II, e seguia por Santo Antão, S. José, Santa Marta, Largo do Andaluz, Rua de S. Sebastião, até às «portas» de S. Sebastião da Pedreira. Esta iniciativa teve, porém, a duração das rosas: inaugurada a carreira em 15 de Janeiro de 1899, a companhia abria falência em 1901.
Coliseu dos Recreios [1960] Rua das Portas de Santo Antão Arnaldo Madureira, i in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
MESQUITA, Alfredo. Lisboa, p. 622, 1903.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 104, 1939.
Boa tarde. Dei hoje com o seu blogue que considero prestar um serviço fantástico a todos que amamos Lisboa e a sua memória.
ReplyDeleteInclui na lista de blogues publicitados no blogue em que escrevo e espero que ajude bastante à divulgação deste arquivo fantástico.
Obrigado.
Grat pelo apreço. Posso saber em blogue escreve? Cumps
ReplyDeleteNasci em Lisboa(São Vicente Fora).Sinto-me orgulhoso pela existência deste blogue de excelência,. Sinto, que este movimento da história de Lisboa e da cultura em geral, que dele emerge, me faz renascer a cada momento e já agora, refletir sobre a vida. Este vaivém da vida humana,pela cidade de ontem, mas que paradoxalmente, VIVE! nos entra contemporaneamente e no presente, em nossas casas pela pequena janela da Internet...Será o espirito de Lisboa? Ou a imortalidade da memória? Ou a História na sua incomensurável e eterna laboração. Tudo isto que referi, cabia numa única palavra: Obrigado Blogue...
ReplyDeleteAté amanhã ou talvez até já "Lisboa de Antigamente" aqui no blogue.
Manuel Paula
Grato pelo apreço, volte sempre.
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