O palácio era setecentista, já do período da transição e tinha jardins salas e átrios de muita beleza, puramente alfacinhas no gôsto decorativo, nêle avultando os azulejos que hoje se conservam. (...) Nêste sítio é que foram supliciados (...) os onze companheiros de Gomes Freire de Andrade, no dia 18 de Outubro de 1817. Uma lápide, comemorativa do acontecimento histórico, estava colocada desde há mais de meio século no lado direito da fachada dêste prédio [vd. 2ª foto], mas foi apeada há quatro meses [c. 1938], quando do comêco das obras na frontaria; não voltará a ser colocada e passará a um museu da Câmara.1
Palácio Silva Amado [1928] Campo dos Mártires da Pátria, 1-2 (Rua do Instituto Bacteriológico); Travessa do Torel, 2-4; Rua Júlio de Andrade, 2A Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Palácio datado do séc. XVIII, traduz um exemplar de arquitectura
residencial setecentista, remodelado e reconstruído para residência do
médico e professor Dr. José Joaquim da Silva Amado,
1º director da então designada Morgue (posteriormente, em 1918,
Instituto de Medicina Legal). Foi objecto de obras de alterações na década de 1930, após a sua aquisição pelo Estado em
1928. Integra o conjunto do Campo dos Mártires da Pátria, que está
classificado como Imóvel de Interesse Público.
Com o do Patriarcado [Palácio Sanches de Brito], também da centúria de setecentos e construído ou influenciado por Ludovice, e alguns outros imóveis mais recentes, contribui para que todo o sector poente do Campo de Sant'Ana se constitua hoje como uma zona de forte carácter.Trata-se de um edifício
de planta rectangular, cuja fachada posterior surge articulada com
jardim. Por sua vez, a sua fachada principal simples, de grande harmonia
e quase despojada de ornamentação, contrasta com o seu interior, em
especial o átrio de entrada, o vestíbulo do andar nobre e a escadaria,
que funcionam como espaços de aparato e exibem um tratamento decorativo
de marcada erudição e requinte plástico: mármores lavrados, património
azulejar, tectos de caixotões de madeira pintada, talha, pintura,
espelhos, entre outros. No exterior, na sua fachada voltada para a
Travessa do Torel, exibe um painel de azulejos da invocação de Nossa Senhora da Atalaia.²
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, pp. 38-39, 1938.
² ADRAGÃO, José Victor , PINTO, Natália, CASQUILHO, Rui, Lisboa, p. 84, 1985.
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