Tuesday, 6 December 2016

Do Borratém, subindo pelo Beco dos Surradores até ao Largo dos Trigueiros

Do Poço do Borratém sobe-se pelas escadas do Beco dos Surradores (nada com feitio de beco) deixando à esquerda, logo de início, a Rua de S. Pedro Mártir, de onde saem mais escadas, em curioso dédalo, entroncando-se e conjugando-se, acabando por se reunir no Largo dos Trigueiros.

Beco dos Surradores [1902]
Ao fundo o Poço do Borratém.
(N.B. Surradores são aqueles que surram ou curtem as peles ou couros)
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

É um capricho de construção de acaso, mas mais parece fantasia feliz de urbanistas antigos, que disfarçaram pitorescamente os declives da encosta.1

Beco dos Surradores [1945]
(Patrulha do Exército Português)
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Na Gazeta de Lisboa — o principal periódico de informação política portuguesa entre 1715 e 1820 — pode ler este curioso anúncio, ou Aviso, como se dizia à época, publicado numa quarta-feira dia 22 de Setembro de 1813:

Agoa para tingir o cabello da eabeça, a melhor que se tem visto em LisЬоa, para tirar sardas e panno do rosto, para fazer a pelle fina e branca, e para conservar o semblante em boa cor , continúa a vender-se no beco dos Surradores, N.º 4, defronte dos Padres Camillos ao Posso do Burratem. Na mesma casa se lavaõ fios, e se tingem de preto, e de todas as côres, e se tiraõ nodoas de todas as qualidades, aínda que sejaõ de tinta dada a oleo, seja em seda ou lã.2

Largo dos Trigueiros [c. 1940]
Chafariz do Largo dos Trigueiros

Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
1 Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, vol. III, pp. 55-56, 1938.
2 Gazeta de Lisboa, N.º 22, 1813.

No comments:

Post a Comment

Web Analytics