O Palácio dos Teles de Meneses, neste século mais conhecido pelo Palácio Alfredo da Cunha, com frente sobre o Largo de S. Vicente, é uma edificação que remonta ao principio do século XVII, em casas nobres cujas características hoje mal se descortinam.
Aí temos na esquina da Rua e Largo, lado Norte, o magnífico Palacete do Dr. Alfredo da Cunha.
Assenta sobre esta alta e desafogada muralha, na face do Largo,
construída em 1606, isto é: quando se reedificava a Igreja de S. Vicente, pelo Senado de Lisboa, presidido por D. João de Castro. Estas duas lápides embebidas na muralha atestam o facto.
Diz uma no seu latim laudatório: «Esta rua tão formosa veio acrescentar
realce ao templo; eis uma obra menor que adorna outra maior...» etc; reza a mais pequena na sua legenda, de clássicos dizeres: «A Cidade mandou fazer esta obra à custa do real do povo›.
Depois de erguida a muralha foram construídas umas casas sobre os terrenos que ela ampara, casas que em 1686 eram de Fernão Teles de Menezes, e, conservadas em família, estavam em 1816 habitadas pelo marechal Pedro Vieira da Silva Teles. Em 1902, o Palácio foi adquirido por D. Agostinho de Scusa Coutinho, Marquês do Funchal, e, em 1906, exte o vendeu ao escritor Dr. Alfredo da Cunha, que nêle habita [em 1939]. [este fez grandes obras dirigidas pelo arq.º Nicola Bigaglia]
Também o Palácio Alfredo da Cunha
tem tradições em S. Vicente, fidalgas e literárias,
a começarem no tempo em que o habitou, há uns setenta anos, D. Mariana
de Noronha. O Palácio do Dr. Alfredo da Cunha, e que de assisadas obras tem beneficiado, está recheado de arte, emoldurado em bom gosto, transpirando a nobreza de espírito do seu possuidor.
Palácio Teles de Menezes / Palácio Alfredo da Cunha |1899| Largo de São Vicente, 5; Rua da Voz do Operário, 2-20; Telheiro de São Vicente, 1-2C Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
O interior, profundamente alterado, ainda conserva uma feição
seiscentista na escadaria e na traça de alguns tectos. A escada, ao lado
do Largo de São Vicente, foi revestida a azulejos colocados durante a
intervenção de Bigaglia.
O jardim surge estruturado em três planos
alcandorados, valendo todo o conjunto pela excelente colecção de
azulejos reunida pelo proprietário Alfredo da Cunha. provenientes da Igreja do Convento de Santa Joana e de
portas e colunas de mármore vindas da Ermida das Mercês. O interesse do
edifício reside no seu carácter funcional, representando um paradigma na
arquitectura seiscentista da capital.
Actualmente, procura novo proprietário no portal de uma agência imobiliária por quase 8 milhões de euros.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos históricos, Fasc. IX, p. 147, 1950.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 59-60, 1939.
VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, vol. III, 1904.
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