Todos os bairros ou sítios de Lisboa — recorda o ilustre Norberto de Araújo — têm o seu encanto especial, sobretudo para quem neles se a fez ou neles vive. Este da Graça é, com efeito, e sem devoção bairrista da nossa parte, um dos mais alegres e desafogados da Cidade. Populosa, animada, característica do
Oriente de Lisboa, sem cair no pitoresco velho, nem, em verdade, oferecer particularidades olisiponenses ou apontamentos de artista — a
Graça remonta aos primeiros tempos de Lisboa. [...]
 |
Rua da Graça, 80 |195-| Antiga Rua Direita da Graça, até 1889. Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
A
Rua da Graça é uma linha recta que vem dos
Quatro Caminhos, de
saudosa memória alfacinha, e de que te falei, ao Largo da Graça, que
data na actual feição de há cento e tal anos. Desta linha descem para
sul e nascente várias serventias, como a Rua das Beatas, a Rua do Sol, a
Travessa da Pereira, e a Rua da Verónica — todas antigas, e anteriores à
Graça do século passado.
 |
Rua da Graça, 80 |195-| Antiga Rua Direita da Graça, até 1889. Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 41-50, 1939.