Pois retornemos e sigamos o nosso caminho, pela Rua das Escolas Gerais, artéria que nos meados do século XVI era designada pelo povo também Rua do Bairro dos Escolares, e então mais estreita (foi alargada, só em 1886). Os prédios a nascente — à nossa esquerda agora — são todos do século passado; à direita, transfiguradas, ficam as casas que foram do Convento [das freiras do Salvador].
Este troço inferior da Rua chamou-se, desde remotos tempos até 1859, do «Marco Salgado», — sítio sem classificação discriminativa — nome que há quem suponha que evoca a última representação de Pedro Salgado, chanceler de D. Diniz. Já escrevi: «A razão do nome não está esclarecida, e parece constituir um problema para eruditos».¹
Rua das Escolas Gerais [c. 1940] À direita, depois do murete, sai a Rua do Loureiro e, ao fundo à esq., a Calçadinha do Tijolo. Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Como decerto o leitor já viu — diz Luís Pastor de Macedo— , o Bairro dos Escolares
chamaríamos hoje Bairro Universitário, e as Escolas Gerais ou o Estudo
Geral são a Universidade transferida definitivamente para Coimbra em
tempo de El-Rei D. João III (1537). Também com certeza sabe o leitor que
na Lisboa de hoje existem duas serventias públicas com nomes
determinados pelo Estudo fundado por El-Rei D. Dinis: as Escolas Gerais,
artéria inclassificada que pertenceu às antigas freguesias de Santa Marinha e de S. Vicente, que a compartilhavam, e a Rua das Escolas
Gerais que pertenceu à antiga freguesia de S. Tomé, e durante algum
tempo, pelo menos, também à do Salvador.²
Escolas Gerais [post. 1960] Igreja de São Vicente de Fora Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente |
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. X, 1939.
² MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés a Lés, vol. II, 1941.
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