— Os morangos são de Sintra! Olha o cabaz de morangos!
Era dos pregões mais cantados por esta Lisboa. Os próprios saloios os vinham vender, de rua em rua, o barrete enfiado até aos olhos, confundindo-se as negras sobrancelhas com o felpudo debruado do carapuço.
Vestiam largos bibes de riscado abotoados à frente e, para não lhes tolher o andar, juntavam as pontas num nó sobre a barriga.
Vendedor ambulante de morangos [1960] Alameda Dom Afonso Henriques junto à Avenida Almirante Reis Nota(s): Local da foto não está identificado no A.M.L. Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente |
Claro que havia de se ter cautela com a quantidade de morangos que vendiam, pois os acomodavam ardilosamente em cabazes pequenos, tão cheios de fetos como de frutos, e não pesavam os morangos!
Quando se dava pelo logro, era tarde! Saloios espertos! Também os morangos nem sempre eram provenientes da região de Sintra, mas era de bom-tom e crédito apregoar:
— Olha os morangos! São de Sintra!
É o caso das laranjas sempre apregoadas como de Setúbal, quando os laranjais se alastram por todo o País.
__________________Bibliografia
CALDERON, Dinis, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1900-1974, p. 230, 1986.
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