Eis-nos agora no Largo de Santa Marinha.
Aqui se erguia uma Igreja paroquial, da qual há notícia que remontava a 1222¹, embora uma tradição a dê como fundada por uma filha do Rei D. Diniz e de Marinha Gomes.
O certo é que era do padroado real, pois D. Diniz a doou (como fizera já à de Santo André a Aires Martins) ao seu chanceler Pedro Salgado, que lhe fez grandes acrescentamentos.
Não sofreu muito pelo Terramoto, mas acabou por ser demolida entre 1845 e 1853, para se fazer este Largo. Dela não resta um único vestígio. A paroquial havia já, em 1835, passado para a Graça.
Largo de Santa Marinha |c. 1900| Tornejando a Calçadinha do Tijolo José Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
Neste tranquilo e ameno Largo de Santa Marinha nada há digno de menção: duas ou três casas com o feitio discreto ainda de «S. Vicente velho», e as restantes construídas depois do Largo aberto, cerca de 1850.
Largo de Santa Marinha |1969| João Hermes Goulart, in Lisboa de Antigamente |
Antes de continuarmos neste exame — recorda Júlio Castilho — , dêmos agora uma revista a um edifício, que acima das novas Escolas Gerais torreja, no cume do montículo, com o seu ar antiquado, as suas ogivas e gelosias, a sua Cruz, e o seu coruchéu pontiagudo a apontar para o céu.Torreja disse eu? Torrejava deveria dizer antes. Demoliram-no também. Era Santa Marinha.
Antiga igreja paroquial de Santa Marinha do Outeiro [1809] Largo de Santa Marinha Luís Gonzaga Pereira, (1796-1868), in Museu de Lisboa |
Ao topo da actual Calçadinha do Tijolo, ali onde hoje vemos o largo arborizado, erguia-se esta pequenina paroquial o seu vulto venerando, carregando aos ombros o peso de muitíssimos janeiros.Carvalho da Costa descreve em 1712 esta igreja. Chama-lhe Santa Marinha do Outeiro, e mostra-a de quatro altares n'uma só nave. Ao fundo a capela-mor, com boa tribuna de talha doirada, e as imagens de Santa Marinha da banda da Epistola, e de Nossa Senhora da Conceição da banda do Evangelho.
¹ Data insustentável, de acordo com mestre Castilho. Depois de consultar de textos de vários autores, o olisipógrafo conclui que «é ignorada, pelo menos por mim, e por eles, a data da fundação de Santa Marinha».
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 57, 1938.
CASTILHO,
Júlio de, Lisboa Antiga. Segunda Parte. Bairros Orientais, vol. IV, 1885.
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