Friday, 19 May 2017

Palácio Pancas, Palha ou Van-Zeller

Aqui, na esquina dos Barbadinhos e da Rua de Santa Apolónia — recorda-nos o ilustre olisipógrafo Norberto de Araújoergue-se um magnífico Palácio, cujos amplos jardins, a norte, encostam ao muro de uma rua, antiga, sem saída que separa a muralha de sustentação do adro de Santa Engrácia dos terrenos do aludido palácio.


No meado do século XVIII era este o solar — creio-o bem — de D. Luiz de Menezes, Senhor de Pancas e da Ponte da Barca.  
Pertencia no final do século passado [séc. XIX] a Fernando Palha, da família Pereira Palha Faria de Lacerda, da qual em linha direita faziam parte o ilustre homem do teatro português, Francisco Palha, e uma senhora, irmã dêste, D. Maria Georgina, que casou com o 1.° Conde da Foz.
Pertence hoje [em 1939] o prédio a D. Maria Luiza Graça Van-Zeller, da família ainda dos Pereira Palhas, que habita na parte principal, ao poente, portal n.° 20, sobre Santa Apolónia; na parte nascente habitava quando faleceu, há poucos meses, Júlio Wemans, que foi director de fabrico das Companhias dos Tabacos.

O palácio, armoriado no seu cunhal do lado poente [Calçada dos Barbadinhos vd. 2ª foto], [e a nascente] esquina da Travessa de Lázaro Leitão, por onde tem uma entrada por um pórtico nobre, n.° 1, adorna-se de catorze elegantes varandas do lado da Rua de Santa Apolónia e ainda de três do lado da Travessa.

Palácio Pancas, Palha ou Van-Zeller [1932]
Rua de Santa Apolónia e  Tv. do Recolhimento de Lázaro Leitão (1ª transversal)
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda  da foto no arquivo: «Aspecto da enxurrada na zona dos Caminhos-de-Ferro»

O palácio de planta composta em L [vd. 4ª imagem] é formado por  dois corpos ladeando um pequeno jardim de carácter romântico.  Já no século XX foi adquirido pela Câmara Municipal que aqui efectuou um projecto de adaptação a outras funções segundo projecto de Frederico George.

Palácio Pancas Palha [1967]
Pedra de armas dos Pereiras, Farias e Almeidas (família Palha) que se encontra
no cunhal ao nível do piso nobre do Palácio viradas para a Rua de Sta. Apolónia
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente
Palácio Pancas Palha [1959]
Pedra de armas dos Pereiras, Farias e Almeidas (família Palha)
que se encontra no cunhal ao nível do piso nobre do Palácio viradas
para a Rua de Sta. Apolónia e para
a Tv. do Recolhimento de Lázaro Leitão
.
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Classificado como Imóvel de Interesse Público, são de destacar a entrada do edifício em pátio aberto para carruagens e a escadaria nobre. No interior são de realçar a sala dos frescos, decorada com pinturas de motivos campestres, o salão de música ou salão nobre, a capela com baptistério, o jardim e os espaços de lazer e estar.

Palácio Pancas, Palha ou Van-Zeller (Conjunto)
Levantamento da Planta de Lisboa [fragmento]: Vieira da Silva Pinto, 1909, in Lisboa de Antigamente
Legenda (clicar na imagem para ampliar):
Vermelho: Palácio Pancas, Palha ou Van-Zeller (Conjunto) Laranja: Frente virada à Rua de Santa Apolónia e à Tv. do Recolhimento de Lázaro Leitão (1ª foto) Verde: Rua de Santa Apolónia Azul: Calçada dos Barbadinhos Amarelo: Rua do Alviela, Muro

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 26, 1939.
monumenros.pt

5 comments:

  1. Ainda lá está recuperado. http://www.cm-lisboa.pt/en/equipments/equipment/info/palacio-pancas-palha

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  2. Muito interessante a fotografia do arquivo do "Jornal O Século". Uma imagem viva, plena de realidade - verdadeira viagem no tempo.

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  3. Há que esclarecer o seguinte:o conjunto das duas casas pertenceu à família Pereira Palha (Faria de Lacerda)desde 1830.É composto pelo palácio Pancas Palha- o de nascente-e pelo palácio conhecido por "casas pequenas" - de poente.O primeiro foi expropriado nos anos 60 do séc XX pela câmara e o segundo pertenceu aos Pereira Palha van Zeller até 2019. Vasco van Zeller

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  4. Uma correcção: as origens dos Palácios Pancas e Palha não estão relacionadas com um Manuel Barreto Quaresma, que teria por aqui uma quinta de recreio no reinado de D. Sebastião, na realidade este chamava-se Manuel Quaresma Barreto, e a propriedade que aqui tinha é hoje conhecida como o Palácio Quaresma-Alvito, Cf. Matos, José Sarmento de, e Paulo, Jorge Ferreira, “Quinta dos Senhores de Pancas”, em Caminho do Oriente: Guia Histórico, 1, Lisboa: Livros Horizonte, 1999, p. 67-71.

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    1. Erro nosso. Efectivamente, essa passagem faz parte do Palácio Quaresma Alvito. Corrigido.

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