Aqui, na esquina dos Barbadinhos e da Rua de Santa Apolónia — recorda-nos o ilustre olisipógrafo Norberto de Araújo — ergue-se um magnífico Palácio, cujos amplos jardins, a norte, encostam ao muro de uma rua, antiga, sem saída que separa a muralha de sustentação do adro de Santa Engrácia dos terrenos do aludido palácio.
No meado do século XVIII era este o solar — creio-o bem — de D. Luiz de Menezes, Senhor de Pancas e da Ponte da Barca.Pertencia no final do século passado [séc. XIX] a Fernando Palha, da família Pereira Palha Faria de Lacerda, da qual em linha direita faziam parte o ilustre homem do teatro português, Francisco Palha, e uma senhora, irmã dêste, D. Maria Georgina, que casou com o 1.° Conde da Foz.Pertence hoje [em 1939] o prédio a D. Maria Luiza Graça Van-Zeller, da família ainda dos Pereira Palhas, que habita na parte principal, ao poente, portal n.° 20, sobre Santa Apolónia; na parte nascente habitava quando faleceu, há poucos meses, Júlio Wemans, que foi director de fabrico das Companhias dos Tabacos.
O palácio,
armoriado no seu cunhal do lado poente [Calçada dos Barbadinhos vd. 2ª foto], [e a nascente] esquina da Travessa de Lázaro Leitão, por onde tem uma entrada por um pórtico nobre, n.° 1, adorna-se de catorze elegantes varandas do lado da Rua de Santa Apolónia e ainda de três do lado da Travessa.
O palácio de planta composta em L [vd. 4ª imagem] é formado por dois corpos ladeando um pequeno jardim de carácter romântico. Já no século XX foi adquirido pela Câmara Municipal que aqui efectuou um projecto de adaptação a outras funções segundo projecto de Frederico George.
Palácio Pancas Palha [1967] Pedra de armas dos Pereiras, Farias e Almeidas (família Palha) que se encontra no cunhal ao nível do piso nobre do Palácio viradas para a Rua de Sta. Apolónia e para a Calçada dos Barbadinhos. Mário Novais, in Lisboa de Antigamente |
Classificado como Imóvel de Interesse Público, são de destacar a entrada do edifício em pátio aberto para carruagens e a escadaria nobre. No interior são de realçar a sala dos frescos, decorada com pinturas de motivos campestres, o salão de música ou salão nobre, a capela com baptistério, o jardim e os espaços de lazer e estar.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 26, 1939.
monumenros.pt
Ainda lá está recuperado. http://www.cm-lisboa.pt/en/equipments/equipment/info/palacio-pancas-palha
ReplyDeleteMuito interessante a fotografia do arquivo do "Jornal O Século". Uma imagem viva, plena de realidade - verdadeira viagem no tempo.
ReplyDeleteHá que esclarecer o seguinte:o conjunto das duas casas pertenceu à família Pereira Palha (Faria de Lacerda)desde 1830.É composto pelo palácio Pancas Palha- o de nascente-e pelo palácio conhecido por "casas pequenas" - de poente.O primeiro foi expropriado nos anos 60 do séc XX pela câmara e o segundo pertenceu aos Pereira Palha van Zeller até 2019. Vasco van Zeller
ReplyDeleteUma correcção: as origens dos Palácios Pancas e Palha não estão relacionadas com um Manuel Barreto Quaresma, que teria por aqui uma quinta de recreio no reinado de D. Sebastião, na realidade este chamava-se Manuel Quaresma Barreto, e a propriedade que aqui tinha é hoje conhecida como o Palácio Quaresma-Alvito, Cf. Matos, José Sarmento de, e Paulo, Jorge Ferreira, “Quinta dos Senhores de Pancas”, em Caminho do Oriente: Guia Histórico, 1, Lisboa: Livros Horizonte, 1999, p. 67-71.
ReplyDeleteErro nosso. Efectivamente, essa passagem faz parte do Palácio Quaresma Alvito. Corrigido.
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