Pois estamos no alto da Calçada de Santa Apolónia; sai-nos, agora, à esquerda, a velha Rua da Cruz de Santa Apolónia, que leva à Rua do Mirante — diz Norberto de Araújo.
A Rua da Cruz de Santa Apolónia conheceu outras designações, como R. Nova Cruz (1741), R. da Cruz a Vale de Cavalinhos (1753), R. Direita da Cruz do Vale de Santo António (1762), R. de Vasco Lourenço (1768) e R. Direita da Cruz.
No inicio desta velha artéria lisboeta, em posição sobranceira à orla ribeirinha do Tejo, encontramos, do lado nascente, o Palácio Veloso-Rebelo, depois Fábrica de Tabacos (actualmente ocupado pela G.N.R,) e, mais acima, a poente, implantado em zona de meia-encosta, em terraço — o Palácio Mascarenhas.
Palácio mandado construir cerca de 1724 por Vasco Lourenço Veloso, administrador geral dos portos secos do reino e da Real Fábrica das Sedas. Com o seu falecimento, em 1770, os seus bens e o palácio passam para a posse de seu filho, Tomás Rebelo Veloso Palhares. Ostentando no pórtico as pedras de armas dos Veloso-Rebelo, o edifício serviu, na segunda metade do séc. XIX (c. 1830), de sede à Fábrica de Tabacos ''A Lisbonense'', propriedade de João Paulo Cordeiro. Em 1891, com a fundação da Companhia dos Tabacos de Portugal, as instalações da fábrica antiga sofreram uma remodelação e ampliação.
Palácio do séc. XVI com o topo nascente em pavilhão dentro do pátio, mandado construir por Manuel Quaresma Barreto, Vedor da Fazenda do rei D. Sebastião, passando a mesma, a
quando do seu falecimento, para a posse da sua segunda filha D. Bárbara, casada com
D. Rodrigo Lobo, 5º barão de Alvito; nos séculos. XVII e XVIII a
casa de Santa Apolónia encontra-se quase sempre arrendada, uma vez que
não é mais do que uma residência secundária para os barões de Alvito,
normalmente residentes no seu palácio no Largo do Conde-Barão, igualmente proveniente da herança dos
Quaresma; em 1875, o 4º marquês de Alvito vende o palácio ao lavrador do Ribatejo, José Palha Blanco. Em 1918 foi adquirido por D. Maria José Sobreira Zuzarte de Mascarenhas, tendo permanecido na família largos anos. Por aqui passou, durante cerca de vinte e cinco anos, no primeiro quartel do séc. XX, o Instituto de Higiene do Professor Dr. Ricardo Jorge e, depois, pelo Observatório Europeu de Drogas e Toxicodependências. É ocupado presentemente pela AML (Área Metropolitana de Lisboa).
Rua da Cruz de Santa Apolónia [1926] Palácio Veloso-Rebelo na esquina com Calçada dos Barbadinhos. Ao fundo, nos n.ˢˢ 23 e 25, observa-se parte do Palácio Mascarenhas. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
N.B. A Calçada de Santa Apolónia, que hoje vemos a ligar a Rua de Santa Apolónia à Rua da Bica do Sapato, deriva o seu topónimo do Convento de Santa Apolónia naquela zona erguido na segunda metade do séc. XVII, embora este hagiotopónimo fosse ali já habitual graças à Ermida de Santa Apolónia que existiu pelo menos desde 1552.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 21, 1939.
monumentos.pt.
monumentos.pt.
Morei nesta rua alguns anos.
ReplyDeleteA partir da posição do fotógrafo já será "Cç". e não "rua", correto?
ReplyDeleteSim, distracção durante a edição da legenda das fotos, como é óbvio. Far-nos-á a honra de reconhecer que sabemos o nome das ruas de Lisboa de trás prá frente. Gratos pelo alerta.
DeleteObrigada, só não acontece a quem nada faz. Sei bem da qualidade e rigor das v/ publicações pois sigo-as desde o primeiro momento.
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