À rua que em 1755 subia do Largo do Pelourinho, e que então “trifurcava, depois de percorridos os seus quatrocentos e oitenta e quatro palmos”, nas ruas das Pedras Negras, da Correaria e do Arco de Nossa Senhora da Consolação, designava-se, então, de Rua dos Ourives da Prata.
Assim descreve Luís Pastor de Macedo a rua que, por alvará de D. Manuel I, de 19 de Abril de 1514, relativo ao arruamento dos ofícios, estabelecia que do dia de São João em diante, passassem para a Rua Nova d’El Rei [actual R. do Comércio] os ourives do ouro, ficando a designada Rua da Ourivesaria à disposição dos “prateiros”, para nela abrirem as suas oficinas.
Mais tarde, em 1551, de acordo com descrição de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, surge esta rua já designada por Rua da Ourivesaria da Prata, ou, também, por Rua dos Ourives da Prata, nome apresentado por João Brandão em 15527, embora a antiga denominação de Rua da Ourivesaria perdurasse até finais do terceiro quartel do século XVI.A 20 de Fevereiro de 1588, uma provisão de Filipe I, relativa ao arrua- mento do ofício dos ourives da prata, refere que “os ourives morassem, e estivessem suas tendas no arruamento”, tendo os vereadores elaborado uma postura para que não pudessem os ditos ourives morar, nem possuir as suas oficinas, fora do respectivo arruamento, na Rua da Ourivesaria da Prata.
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Rua (dos Ourives da Prata) |1917| Antiga Bella da Rainha, junto à Igreja de São Nicolau na Rua da Vitória Venda da Flor, iniciativa da escritora Genoveva da Lima Mayer Ulrich a favor das vítimas da I Grande Guerra. Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Na Lisboa erguida após o terramoto de 1755, a Rua dos Ourives da Prata, juntamente com a dos Ourives do Ouro, evidenciava-se pelas preciosidades expostas aos olhares de quem por elas passava e pasmava. Assim descrevia Carl Ruders, aludindo às referidas ruas, nas quais “havia sempre muita gente pasmada”, porque “todas as lojas das casas (...) são ocupadas por estabelecimentos onde se vem expostas as alfaias e jóias mais preciosas”. Obras de ouro e prata “de toda a espécie”, que se revelavam em “armários envidraçados, suspensos dos dois lados das portas”-
Bibliografia
MACEDO, Luís Pastor – A Igreja de Santa Maria Madalena de Lisboa. Lisboa: Solução Editora, p. 5.1930,.
RUDERS, Carl Israel – Viagem em Portugal: 1798-1802. Lisboa: B.N.P., p. 35, 1981.
Da Rua dos Ourives da Prata à Rua Bela da Rainha: as lojas dos ourives da prata em Lisboa na segunda metade do século XVIII, 2015.
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