"Do Rocio, o ruido das carroças, os gritos errantes de pregões, o rolar dos americanos, subiam, n'uma vibração mais clara, por aquelle ar fino de Novembro: uma luz macia, escorregando docemente do azul-ferrete, vinha doirar as fachadas enxovalhadas, as copas mesquinhas das árvores do município, a gente vadiando pelos bancos: e essa sussurração lenta de cidade preguiçosa, esse ar avelludado de clima rico, pareciam ir penetrando pouco a pouco n'aquelle abafado gabinete e resvelando pelos velludos pesados, pelo verniz dos moveis, envolver Carlos n'uma indolência e n'uma dormência."(in Eça de Queiroz, Os Maias, 1888)
O Rossio Velho |séc. XIX| As «ondas» negras e brancas do Rossio datam de 19448-4948; Teatro Nacional Almeida Garrett, desde 1910 «de D. Maria II»; Convento da Encarnação; Monumento a Dom Pedro IV; Fonte Monumental do Rossio (1889); Fonte dos Anjinhos (1882); Americano, Tipóia; calçada portuguesa; Quiosque dos Libertários; Urinol; observe-se, como curiosidade, a lanterna do 1.º candeeiro à frente, pintada com publicidade ao Coliseu dos Recreios. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
"Maior e mais abrutada, talvez seja. Mas não é esta lindeza do nosso Rocio, o ladrilhinho, as árvores, a estátua, o teatro... Enfim, para meu gosto e para o regalinho de Verão, prefiro o Rossio... E já o disse aos turcos!"
(Eça de Queiroz, in A Relíquia, 1887)
O Rossio Velho |ant. 1887| O Rossio foi empedrado, em xadrez, em 1837; note-se a ausência dos lagos — «fontanas» diriam os italianos — que só viriam a jorrar água em 1889; O Teatro Dona Maria foi inaugurado em 1846. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Que beleza e que limpeza(o progresso, tão ambicionado naquele tempo, não me parece que tenha feito nada bem ao "nosso" Rossio) .
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