A Avenida da Liberdade, inaugurada em 1885, ou a Avenida, como quase logo passou a ser designada, foi um lugar em si mesmo. Nos últimos anos do século XIX e até à proclamação da República, «fazia-se a Avenida» como se fazia a Rua do Ouro e o Chiado: para passear, ver e ser visto, numa ritualização do passeio urbano cujas características eram ainda românticas.
Avenida da Liberdade [c. 1900] Eixo Praça da Alegria-Rua das Pretas «Bom e barato / Bom Barato / Cada Pacote / Custa um pataco.» Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
O ajardinamento das placas laterais (que salvaguardaram espécies do Passeio Público e alguns dos seus elementos decorativos, como os pequenos lagos), a amplitude do espaço de andar e a quase ausência de trânsito explicam que a Avenida tenha sido, de facto, a mesma espécie de palco que fora o Passeio Público, mas sem muros nem portões de acesso, democratizando o passeio e a fruição de espectáculos ocasionais de Verão.
(SILVA, Raquel Henriques da, O Livro de Lisboa: O Passeio Público e a Avenida da Liberdade, 2006)
(SILVA, Raquel Henriques da, O Livro de Lisboa: O Passeio Público e a Avenida da Liberdade, 2006)
No comments:
Post a Comment