Sunday, 19 July 2020

Antigamente, «fazia-se a Avenida»

A Avenida da Liberdade, inaugurada em 1885, ou a Avenida, como quase logo passou a ser designada, foi um lugar em si mesmo. Nos últimos anos do século XIX e até à proclamação da República, «fazia-se a Avenida» como se fazia a Rua do Ouro e o Chiado: para passear, ver e ser visto, numa ritualização do passeio urbano cujas características eram ainda românticas.

Avenida da Liberdade [c. 1900]
Eixo Praça da Alegria-Rua das Pretas
 «Bom e barato / Bom Barato / Cada Pacote / Custa um pataco.»
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O ajardinamento das placas laterais (que salvaguardaram espécies do Passeio Público e alguns dos seus elementos decorativos, como os pequenos lagos), a amplitude do espaço de andar e a quase ausência de trânsito explicam que a Avenida tenha sido, de facto, a mesma espécie de palco que fora o Passeio Público, mas sem muros nem portões de acesso, democratizando o passeio e a fruição de espectáculos ocasionais de Verão.
(SILVA, Raquel Henriques da, O Livro de Lisboa: O Passeio Público e a Avenida da Liberdade, 2006)

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