Wednesday, 7 March 2018

Igreja de S. Sebastião da Pedreira

Chegamos ao Largo de S. Sebastião da Pedreira — diz Norberto de Araújo —, em cujo topo já estivemos [vd. artigos anteriores] num dos passos anteriores da Peregrinação de hoje. Temos diante de nossos olhos a paroquial. 

Neste sitio seiscentista existiu uma pequena Ermida de uma confraria de carpinteiros (caixeiros ou caixoteiros?) da Rua das Arcas, antiga Baixa; foi junto dela que em 1652 se construiu o templo de S. Sebastião da Pedreira, como paroquial, inaugurado em 1654.
Levava este templo um século quando sobreveio o Terramoto, que o poupou. Beneficiou de restauros várias vezes, uma das quais já neste século, mas sem que a sua estrutura primitiva fôsse sensivelmente alterada.

Igreja de São Sebastião da Pedreira [c. 1900]
Largo de São Sebastião da Pedreira; Rua Tomás Ribeiro
Panorâmica sobre os sítios da Pedreira e das Picoas; vê-se à esq. a Igreja de S. Sebastião da Pedreira e, em segundo plano, a antiga Estrada das Picoas — que partia do Rego e entroncava na Cruz do Tabuado (hoje Pç. José Fontana, à dir.).
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Classificada como Imóvel de Interesse Público, traduz uma linguagem severa «estilo chão», cuja fachada, servida por escadaria dupla, lateral, para vencer o desnível do adro, surge rasgada por um portal emoldurado a cantaria, rematado por tímpano interrompido por um medalhão em baixo relevo com o emblema do santo padroeiro. Ladeada por duas torres sineiras [a torre sineira que se eleva à esquerda é mais recente [1976?], definidas por pilastras e cunhais de cantaria, é coroada por duplo frontão triangular.

Igreja de São Sebastião da Pedreira [1964]
Largo de São Sebastião da Pedreira; Rua Tomás Ribeiro
Ao findo, no quarteirão que esquina com a Avenida Luiz Bivar (já deste século) eleva-se  palacete do Dr. Egas Moniz. É em estilo português, do tipo do século XVIII.
Armando Maia Serôdio, in Lisboa de Antigamente

O interior, de nave única, revela uma decoração barroca dos sécs. XVII e XVIII, integrada no conceito da «arte total», destacando-se: as obras de talha branca e dourada; o património azulejar, nomeadamente o do início de Setecentos, alusivo a S. Sebastião; as telas pintadas, em 1740, com a iconografia do referido santo; a pintura em estuque do tecto da nave, datada do fim do séc. XIX, alusiva ao orago; e um retábulo da «Ceia» assinado por Cirilo Volkmar Machado, exposto na capela do Santíssimo Sacramento.

Igreja de São Sebastião da Pedreira [post. 1941]
Largo de São Sebastião da Pedreira; Rua Tomás Ribeiro
Vista do coro tirada da Capela-mor
Mário de Oliveira, in Lisboa de Antigamente

N.B. Na igreja existem algumas imagens assinaláveis, tais a de Nossa Senhora da. Saúde, quinhentista, de roca, só exposta no dia da sua festa e que pertencia à primitiva ermida, e uma de Santa Rita de. Cassia (na antiga capela do Santíssimo) que fez parte do recheio do hospício desta invocação, pertencente aos frades agostinhos, e que existiu na rua de S. Sebastião da Pedreira. No chão da capela-mor, em sepultura rasa, existe o túmulo de D. João. Bermudes, patriarca da Etiópia, e que es teve primeiro depositado na primitiva ermida, da qual o prelado foi protector (morreu em 1570).
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 82, 1939.
idem, Inventario de Lisboa, Fasc. 11, 1956.
monumentos.pt.

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