A historia da Ribeira das Naus — diz mestre Castilho — se alguém a pudesse escrever completa, seria um dos capítulos mais interessantes da nossa crónica nacional, com as apreciações do computo das despesas feitas, o desenho da fisionomia da arte náutica ao longo dos sucessivos reinados, a crónica fidedigna da valente Marinha militar portuguesa, a nomenclatura dos navios ali construídos, e a biografia dos nossos habilissimos mestres. [Castilho, 1893]
Lisboa estende-se ao longo do Rio Tejo, concentrando as múltiplas actividades ligadas à navegação, à pesca, ao comércio das mais diversas mercadorias.
A zona, designada de Ribeira das Naus, organizava-se, ontem como hoje, em torno do Cais do Sodré, e incluía também os estaleiros de uma importante construção naval que marcou durante vários séculos a economia portuguesa.
Vista aérea da Avenida da Ribeira das Naus (poente) [1952] Praça do Comércio; Cais do Sodré; Avenida 24 de Julho; em baixo à direita, a Estação Fluvial Sul e Sueste. Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente |
Conquanto já desde longo tempo houvesse nesta zona marinha da cidade uma fama construtiva de embarcações, foi só no reinado de D. Manuel, por 1501, que essa actividade.de se acentuou, e começou-se a chamar ao local Ribeira das Naus, correspondendo cm situação e em funções ao actual Arsenal da Marinha, como passou a denominar-se desde 1774. O Decreto n.º 29.595, de 13 de Maio de 1939, extinguiu a Direcção das Construções Navais, e com ela o Arsenal da Marinha, que se encerrou nessa data.
Seguida, mas vagarosamente, começaram a ser demolidos os barracões das instalações fabris e a terraplanou-se o terreno para a construção duma avenida marginal entre a Praça do Duque da Terceira e o canto sudoeste da Praça do Comércio, ao sul do torreão do Ministério da Guerra.
(Avenida) Ribeira das Naus [c. 1939] À direita e ao fundo vêem-se os edifícios fabris do Arsenal da Marinha antes das demolições Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
A avenida marginal referida, que foi construída com carácter provisório, recebeu o nome de Avenida da Ribeira das Naus1, e foi aberta ao público em 9 de Agosto de 1948.
A sua largura é de 12m na faixa de rodagem, calçada com paralelepípedos de granito e alcatroada, e de 1,5m nos passeios laterais.
Tem, da banda do rio, uma cortina de alvenaria com capeamento de betão, e a cortina de vedação do lado do recinto do Arsenal está feita provisoriamente com um muro de tijolo com pilastras divisórias e de reforço.
Para memória de que havia sido aí o local onde se construíram quase todas as caravelas, naus e outros barcos de guerra desde o século XVI até aos meados do XX [2] , e que por todos os mares do mundo tornaram conhecido e afamado o nome de a Câmara Municipal de Lisboa mandou afixar no topo da ala da Sala do Risco, uma nau esculpida em pedra, do brasão de armas da cidade, e por baixo dela a seguinte inscrição:
Tem, da banda do rio, uma cortina de alvenaria com capeamento de betão, e a cortina de vedação do lado do recinto do Arsenal está feita provisoriamente com um muro de tijolo com pilastras divisórias e de reforço.
Para memória de que havia sido aí o local onde se construíram quase todas as caravelas, naus e outros barcos de guerra desde o século XVI até aos meados do XX [2] , e que por todos os mares do mundo tornaram conhecido e afamado o nome de a Câmara Municipal de Lisboa mandou afixar no topo da ala da Sala do Risco, uma nau esculpida em pedra, do brasão de armas da cidade, e por baixo dela a seguinte inscrição:
NESTE LOCAL | CONSTRUIRAM-SE AS NAUS | QUE DESCOBRIRAM NOVAS | TERRAS E NOVOS MARES E | LEVARAM A TODO O MUNDO | O NOME DE PORTUGAL | MANDADA COLOCAR PELA C. M. L. NO ANO DE 1948.
[1] Edital de 22 de Junho de 1948, e Diário Municipal de 25 do mesmo mês.
[2] As últimas naus portuguesas construidas na Ribeira das Naus, foram, nos meados do século XIX, a D. João VI e a Cidade de Lisboa (1841) que depois se crismou em Vasco da Cama (Anais das Bibliotecas, Arquivo, etc., n.º 12, 19Sl, pág. 28); o último barco de guerra construido no Arsenal da Marinha foi o aviso de 2.ª classe João de Lisboa, lançado à água em 21 de Maio de 1936.
_____________________________________________________
Bibliografia
(CASTILHO, Júlio de) A Ribeira de Lisboa, p. 461, 1893)
(CASTILHO, Júlio de) A Ribeira de Lisboa, p. 461, 1893)
(VIEIRA DA SILVA, Augusto, Dispersos vol. I, pp. 389-391, 1968, Biblioteca de Estudos Olisiponenses)
Nice post. I was checking constantly this blog and I am impressed!
ReplyDeleteVery useful information specifically the last part :) I care for
such info much. I was looking for this particular information for a
very long time. Thank you and best of luck.