Friday, 28 June 2024

Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço

A Praça actualmente do Comércio, vulgo Terreiro do Paço, é uma evocação tradicional da sua primitiva designação. Praça extraordinária pela sua vastidão e pelas acertadas proporções da sua arquitectura; átrio nobre da cidade de Lisboa, opulentado pela grandiosidade do seu Arco Triunfal e pelo escultural monumento equestre a el-rei D. José, obra-prima de Machado de Castro; lição de espantosa actividade e acendrado patriotismo, que nos deixaram o omnipotente Marquês de Pombal e os seus colaboradores e que não é observada como deveria sê-lo; praça de grande nomeada  da qual se ufanariam quase todas as capitais do mundo, se a tivessem como sua, e que é, para todos os portugueses, a sintética representação de um enorme esforço, tão enorme, que a sua festiva inauguração fez esquecer a horrível catástrofe de 1755.

Numa manhã amena o povo apinha-se junto ao Cais das Colunas — o «miradouro rasteirinho» de Lisboa. Frente ao torreão oriental pombalino do antigo Tribunal do Comércio e Bolsa de Lisboa, proas para o cais, estende-se uma longa fileira de fragatas airosas, as velas enroladas nos mastros erectos como lanças duma guarda de honra.

Cena de rua junto ao Cais das Colunas |c. 1900|
Ao fundo nota-se o barracão da antiga Alfândega.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Este delicioso Cais das Colunas — recorda o ilustre Norberto de Araújo — que deve seu nome às colunas de pedra colocadas no sopé da escadaria suave, é posterior ao Terramoto. Anteriormente, mais à nossa esquerda, e também mais recuado, existia um «Cais da Pedra», que o sismo de 1755 subverteu.
Da sua rampa de pedra rolada, ou da sua escadaria carcomida — viu cem gerações dizerem adeus a cem armadas que partiam. 

Praça do Comércio vista do Tejo |c. 1900|
À esq. observa-se a ponte da antiga Estação dos Caminhos-de-Ferro e Vapores de Sul e Sueste; ao fundo nota-se o Arco da Rua Augusta e, lá no cimo, o Castelo de S. Jorge.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Terra Portuguesa, p. 71, 1917.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 28, 1939.

8 comments:

  1. Que grande diferença, tempos muito calmos sem stress. V. Aguas

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  2. Those days were the good days...

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  3. Monumento Inaugurado em 6 de junho de 1775, data em que D.José completou 61 anos.

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  4. Amo essa cidade e passear na beira do Tejo e maravilhoso.

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  5. Bernardo Mendoça2 July 2024 at 22:03

    No tempo em que Lisboa era habitada por portugueses!

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  6. Almir Ferreira4 July 2024 at 15:53

    Linda recordação. Parabéns pela postagem.

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  7. Lisboa quem viu.e quem vê. Agora parece uma cidade de outro mundo. Vitor Lucio

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  8. Estes tempos devem ter sido fantásticos, faz-nos sonhar! - Vania A

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