É, pode dizer-se, o último abencerragem das Olarias deste sítio, e cujo dístico sobrevive, a nascente, no bairro tão lisboeta deste nome, e aonde iremos — na companhia de Norberto de Araújo.
Em 1849 era proprietário de terrenos neste local António da Costa Lamego, homem de trabalho, que pensou, arrastado pelas tradições e ambiente bairrista, em fundar em parte deles uma olaria; esses terrenos dilatavam-se até à cerca do Hospital [do Desterro], pois não existia rua alguma onde hoje corre a Avenida Almirante Reis. Os operários vieram, evidentemente, das fabriquetas da Bombarda, das Olarias, e de Agostinho Carvalho, sítio de oleiros ainda em relativa actividade.
A fábrica prosperou; Costa Lamego adquiriu mais chãos, fez prédios, e revestiu, em 1865, a fachada do Largo do Intendente com os azulejos que hoje lá se vêem. Foi quando entrou decididamente na factura da cerâmica artística, ao gosto das olarias ocidentais.Por morte do proprietário, a Fábrica passou à Viúva. tomando então o nome comercial de «Viúva Lamego».Por partilha , entre três filhos e uma filha, após a morte da Viúva, a Fábrica coube a um filho, também António da Costa Lamego, que depois a vendeu a seu cunhado, João Garcia Jerpe, casado com uma filha do fundador, e deste a herdou, em 1895, o actual [em 1938] proprietário João Agostinho da Costa Garcia. Quando se construiu a Avenida, que cortou os terrenos da Fábrica, esta perdeu em superfície o que ganhou em volume, pois elevou-se o prédio e melhoraram-se-lhe as instalações.
A Fábrica Viúva Lamego — muito considerada — pertence ao grupo das poucas representativas da «arte» popular, que da louça vermelha passou à faiança, e desta à indústria artística, por força da evolução do gosto e dos processos. Muitas das suas obras, de reconstituição sobretudo, andam hoje por palácios públicos e particulares.
No Largo do Intendente, onde hoje se encontra o depósito da Fábrica Lamego — remata o autor das Peregrinações — , elevava-se até há vinte e tal anos [até 1917] o Chafariz [vd. imagem abaixo], depois e transferido para a Rua (Nova) da Palma.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, pp. 14-15, 1938.
SANTANA, Francisco Gingeira, Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, Vol. 5, 1975.
Atualmente a fábrica está na Abrunheira, Sintra.
ReplyDeleteMaravilhoso belos tempos tenho muitas saudades.
ReplyDelete1970(imagem da almirante reis) em diante década de carochas e de insanidades ideológicas.
ReplyDeleteA fábrica esteve décadas em Palma de Baixo
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