O Palácio das Águias, na Rua da Junqueira, foi começado a erguer, no seu núcleo primitivo, em 1718, pelo licenciado e advogado da Casa da Suplicação Manuel Lopes Bicudo, em chãos do morgado de Saldanha, convertidos em quinta. Não ia a propriedade além do posterior do palácio actual — então casas nobres de mediana grandeza — e a frente do terreno quinteiro era defendida, do lado da Junqueira, por um simples muro com cinco janelas.
Ai temos o Palácio das Águias, no n.º 138 da Rua da Junqueira, para além de um formoso jardim, e com entrada também pela Calçada da Boa Hora. Este Palácio das Águias— diz Norberto de Araújo — não deriva seu nome, como se pode supor, das águias que se elevam sobre os pilares das umbreiras, pois já tinha aquela designação antes de 1841, ano em que foi construída a cortina gradeada com o portal principal.
Como se observa à primeira vista trata-se de uma construção rica do século XVIII, várias vezes transfigurada, por obra, melhorias e reparos, pelo tempo adiante. Foi o Palácio mandado edificar, entre 1713 e 1716, num aspecto menos grandioso, pelo licenciado Manuel Lopes Bicudo em chãos do Morgado Saldanha, é claro. Logo em 1731 os direitos do edificador passaram a Diogo de Mendonça Côrte Real, que foi Secretário de Estado de D. José, como seu pai, do mesmo nome, o fora de D. João V. Diogo de Mendonça foi desterrado em 1756, mas a casa não foi confiscada, e andou de aluguer, havendo, entre outros, habitado nela D . José Manuel, Cardeal Patriarca. O palácio foi legado pelo Mendonça Côrte Real aos Hospitais Civis, administrados pela Santa Casa da Misericórdia, que andaram em demanda com os descendentes do Côrte Real de 1764 a 1837! Em 1838 a Misericórdia tomou alfim conta da propriedade (quinta e solar), e em 1841 adquiriu-o [bastante arruinado por setenta e oitos anos de abandono] em hasta pública José Dias Leite Sampaio, feito Barão da Junqueira em 1834 e Visconde em 1851. Este Sampaio era Contratador do Tabaco ao tempo da compra e possuidor da Quinta de Alorna, no Ribatejo, morreu em 1870, e de uma sua filha, Condessa da Junqueira, falecida em 1913, houveram a propriedade sete herdeiros, todos primos. Estes constituíram uma sociedade, transmitida depois a um grupo de capitalistas, um dos quais, o Dr. Manuel Caroça, acabou em 1918 por adquirir as cotas dos restantes, ficando com o grosso da fortuna da Condessa da Junqueira, e recolhendo o Dr. Fausto Lôpo de Carvalho, genro daquele, uma pequena cota de um sócio isolado. A estes dois senhores pertencehoje[em 1950] o Palácio das Aguias, cuja quinta, porém, já não tem a extensão que teve em tempos.
Este Palácio, não sendo o mais belo da Junqueira, é de facto uma construção setecentista adornada de bom gosto, com sua fachada, recuada do eixo da Rua, com esplanada, arcarias, jardins, lagos, cascata; o edifício — melhorado no século passado [XIX] pelo arquitecto Fortunato Lodi — ostenta bons silhares de azulejos, e possui uma capela, fundada em 1748 por José Nogueira, onde se guarda um retábulo de Guillard, «Anunciação», de muito mérito. Vê a graciosidade dos pavilhões, ou mirantes, nos ângulos frente à Rua [vd. 2ª imagem], realizando um conjunto interessantíssimo de casa olisiponense nobre — tipo extramuros.
N. B. Em 1996, o palácio da Quinta das Águias foi classificado como imóvel de interesse público. Actualmente, a propriedade continua desabitada, sendo comercializada por uma conhecida imobiliária internacional, contudo, encontra-se muito degradada em todos os níveis.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Outros palácios do património nacional, 1950.
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Outros palácios do património nacional, 1950.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, p. 57-58, 1939.
N I C E !
ReplyDeleteLOVE to RESTORE RUIN and GARDEN.john
ReplyDeleteNeed help to restore
DeleteLove to BUY and RESTORE the HOUSE and GARDEN for FUTURE GENERATIONS to ENJOY.john
ReplyDeleteWho owns Quinta da aguias..municipal,BES??? Love to restore house and garden.
ReplyDeleteUnable to find any information of ownership
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