— Quem quer figos quem quer merendar?
Bem, elas ofereciam os figos para o almoço, mas a verdade é que ninguém ficaria almoçado só com figos, a não ser que comesse tantos que enchesse a pança! Não era de acreditar, até porque as raparigas que cantavam alegremente o pregão apareciam de manhã e também pela tarde. E nesta altura já o pregão era outro:
— Quem quer figos , quem quer merendar?! Ó figuinhos de capa rota!
E lá iam com a ceira à cabeça, os figos cobertos por largas folhas de figueira, que tudo aquilo cheirava a campo e abria o apetite para adoçar a boca com os belos figos estaladiços, que era um louvar a Deus!
E a verdade é que a rapaziada não largava as mães a pedir-lhes o regalo de merendar uma pratada de figos.
— Tem cuidado, rapaz, que se não lhes tiras a capa rebenta-te a boca!
E por toda a cidade, na época própria:
— Quem quer figos, quem quer merendar?!
Vendedoras de figos transportando os cestos à cabeça, após a descarga no cais da Ribeira Nova |1912| Antigo Cais dos Vapores devido à Estação da "Parceria dos Vapores Lisbonenses", fundada em 1890; Cais do Sodré Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1970-1974, 1986.
DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1970-1974, 1986.
Excelente!!
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