Sunday, 16 May 2021

Rua Joaquim Casimiro (Júnior)

A actual placa toponímica aponta o ano de 1802 para data de nascimento do compositor Joaquim Casimiro, Compositor e Organista 1802-1862. Curiosamente — em ampliando a 1.ª imagem e com alguma boa vontade, diga-se em abono da seriedade — o anterior dístico parece assinalar aquele acontecimento com a data de 1808. Para esta asserção contribuem sobremaneira dois registos, entre outros escritos:
O primeiro — e aquele que se nos afigura mais importante — é a autobiografia levada a cabo pelo próprio Casimiro e onde se pode ler: «Nasci no dia 30 de Maio do ano de 1808 em uma pequena casa da rua dos Galegos [actual do Duque]. Meu pai era o copista das músicas da casa real e do real teatro de S. Carlos; [...]»

Rua Joaquim Casimiro (Júnior) [1947]
Compositor e Organista 1802 1808-1862 
Perspectiva tirada da Rua do Olival.
Fernando M. Pozal, 
in Lisboa de Antigamente

 
segundo registo que apresentamos é a inscrição gravada no jazigo que se encontra (?) no cemitério do Alto de S. João [vd. imagem mais adiante], construído por iniciativa do colega e amigo José Maria Christiano que ficou seu proprietário. A iniciativa teve logo apoio de muitos artistas, entre eles os componentes da orquestra de S. Carlos, por intermédio do maestro Angelo Frondoni.
Visto que o  sítio na da CML não refere a bibliografia consultada não foi possível apurar quais os escrito que sustentam o ano de 1802 como data de nascimento do homenageado na toponímia de Lisboa.
Em jeito de conclusão, esperamos ter contribuído para lançar alguma luz sobre este assunto.

Rua Joaquim Casimiro (Júnior) [1947]
Compositor e Organista 1802 1808-1862
Ao fundo a Rua do Olival.
Fernando M. Pozal, in Lisboa de Antigamente

N.B. Filho de Joaquim Casimiro da Silva, copista da casa real e do Real Teatro de São Carlos, recebeu as primeiras lições de música na Sé de Lisboa em 1817, e ingressou na Irmandade de Santa Cecília no ano seguinte. Alguns meses mais tarde ganhou o concurso para soprano na Real Capela da Bemposta, tendo progredido rapidamente sob a orientação do mestre de capela Frei José Marques e Silva e vencendo em 1826 o concurso para organista. Desde esse ano até 1832 compôs muitas peças de música sacra, destacando-se entre elas as Matinas de Santa Luzia, as Matinas de Reis e a Missa e Credo para grande orquestra.
Durante o período das lutas entre liberais e absolutistas, manifestou-se partidário de D. Miguel, tendo escrito um Hino Militar Realista, oferecido ao comandante dos voluntários realistas, o Marquês de Pombal. Quando os constitucionais entraram em Lisboa, em Julho de 1833, fugiu da capital e escondeu-se algures dentro do país tendo regressado em 1837, dando início a um período muito produtivo da sua carreira. Para além de música sacra, que continuou a escrever durante estes anos, compõe dramas, comédias, operetas, mágicas e farsas para os Teatros do Salitre, da Rua dos Condes, do Ginásio, de D. Maria e Variedades
A obra de Casimiro é muito extensa, ele próprio declara ter escrito 97 peças de música sacra e 209 partituras para teatro. De todas essas composições as que nomeou como preferidas são as Matinas da Conceição, a Missa de Arruda, os Ofícios de quarta-feira santa, o Stabat Mater e o Credo sem acompanhamento.
Faleceu aos 54 anos de idade, pelas onze horas de 28 de Dezembro de 1862, na Rua do Telhal, 15, terceiro andar, freguesia de São José.

JAZIGO
DE
JOAQUIM CASIMIRO JUNIOR
INSIGNE COMPOSITOR E MESTRE DA CAPELLA
DA SÉ PATRIARCHAL.
NASCEU EM 30 DE MAIO DE 1808
E FALLECEU EM 18 DE DEZEMBRO DE 1862.
Q SEU VERDADEIRO AMIGO
JOSÉ MARIA CHRYSTIANO
LHE MANDOU ERIGIR ESTE JAZIGO
COM O PRODUCTO DE UMA SUBSCRIPÇÃO
FEITA ENTRE ALGUNS PROFESSORES DE MUSICA
E ADMIRADORES DO FINADO.
LISBOA, 25 DE AGOSTO DE 1864

Bibliografia
Ilustração popular, Vol. 2, 1868
SANTOS, Júlio Eduardo dos, Joaquim Casimiro. Algumas notas a propósito do centenário da morte do grande compositor, Amigos de Lisboa, 1963. 
bnportugal.gov.pt.

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