Não tinha grande relevo nem brilho de pregão o homem que carregava aos ombros dois canastros unidos por um grosso varapau:
— Cá estão nabos, cenouras, tomates ou pepinos e tudo o mais que a horta dá!
Naturalmente, concorria no negócio com os lugares de hortaliça que os havia e há por toda a Lisboa, pequenas lojecas onde se vende, a par das couves e dos rabanetes, galinhas e coelhos em reduzidas capoeiras entaipadas e às vezes malcheirosas.
Profissões de antanho: o homem da hortaliça [1907] Avenida Almirante Reis, S→N; quarteirão entre as Ruas Álvaro Coutinho e Febo Moniz. Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
O homem da hortaliça, raras vezes de origem saloia, já não se vê nos bairros populares, substituído por oportunistas que, na altura das «novidades», gritam, de esquina em esquina, o produto que anunciam em primeira mão, utilizando umas carroças atreladas a pacientes burricos. Estes vendedores normalmente não pagam licença camarária para exercer o mister. Daí que, à aproximação do polícia fiscalizador, para gáudio e regalo dos proprietários dos lugares de hortaliça, lá vai tudo de escantilhão e com eles em fuga, a carroça, o burro, as balanças e os pesos, quando os há!
Profissões de antanho: o homem da hortaliça [post. 1901] Avenida Vinte e Quatro de Julho e Praça do Duque da Terceira; Hotel Central. Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
DINIS, Calderon , Tipos e Factos da Lisboa do meu tempo (1900-1974, p. 42, 1986.
No comments:
Post a Comment