O Palácio da Rosa, no Largo da Rosa, sobre a Mouraria, com a frente principal orientada a Sudoeste, ostenta dois pavimentos, além do térreo, dos quais o primeiro corresponde à parte nobre primitiva, aliás transfigurada, e mantém uma aparência repousada no seu semblante muito século XIX, à parte o portal setecentista. Em rigor pode considerar-se uma reedificação do século XVII, alterada e acrescentada no século passado [XIX]. É, contudo, uma representação solarenga de Lisboa fidalga, e, só por esta circunstância digna de relevo.
Assentou aqui a casa nobre quinhentista de Luís de Brito de Nogueira, senhor dos morgados de S. Lourenço, de Lisboa, e de Santo Estêvão, de Beja, e descendente do cavaleiro, alcaide-mor de Lisboa, Afonso Ennes Nogueira, já no local proprietário da casa nobre no século XIV. Foi Luís de Brito o fundador (1619) do Convento da Rosa das religiosas dominicanas, que avultou à direita das actuais Escadinhas da Costa do Castelo, e que, destruído pelo Terramoto, caldo em ruínas, desapareceu de todo no começo do século passado [XIX]. Aquele Luís de Brito casou com D. Inês de Lima, da Casa dos Viscondes de Vila Nova da Cerveira, cujo 1.º do titulo, e primeiro visconde (1476) que houve em Portugal, foi Leonel de Lima, alcaide-mor, de Ponte de Lima. E aí está como a casa dos Britos Nogueira, da Mouraria, passou aos Vila Nova da Cerveira, para a qual entrou a varonia dos Britos. No século XVII o palácio foi reedificado, quase desde os fundamentos.
O Palácio da Rosa, com seu carácter seiscentista, foi destruído pelo Terramoto na sua maior parte, era então propriedade do 4.º Visconde de Vila Nova da Cerveira, D. Tomás Xavier, que nele houve de fazer grandes obras de restauro, as quais transformaram quase completamente não só o semblante exterior como a disposição interior. Foi, porém, no tempo do rico Visconde da Várzea, no final do século passado, que o palácio por acrescentamento de dependências, e novos restauros, adquiriu o aspecto que hoje mantém, mais burguês do que nobre, se abstrairmos do pátio interior, com decorações do começo do actual século.
Num troço do antigo jardim da casa nobre, que foi dos Britos de Nogueira, avulta, como padrão histórico, uma parte de um lanço da muralha da Cerca Fernandina, que desde aqui descia às Portas de S. Vicente da Mouraria. O palácio, de resto, desde o século XIV, que se encostava, e tinha, e tem, por fundo Norte a muralha daquela Cerca.
No interior do Palácio, de todo não destituído de certa nobreza, a despeito dos restauros que lhe modificaram o carácter, pouco se encontra presentemente com o passado histórico. Assinala-se:
As Salas, restauradas com tectos de estuque do final do século passado, algumas ainda com tectos apainelados, com pinturas decorativas, em estilo pompeiano, do final do século XVIII, e, entre elas: a Sala de Jantar, de tecto de estuque, estilo holandês, obra de restauro do século passado, e uma Saleta, revestida em 1904 de azulejos de Batistini, em painel representando episódios históricos;
As Salas, restauradas com tectos de estuque do final do século passado, algumas ainda com tectos apainelados, com pinturas decorativas, em estilo pompeiano, do final do século XVIII, e, entre elas: a Sala de Jantar, de tecto de estuque, estilo holandês, obra de restauro do século passado, e uma Saleta, revestida em 1904 de azulejos de Batistini, em painel representando episódios históricos;
Palácio da Rosa (Castelo Melhor), sala de Jantar [1899] Largo da Rosa, 1-5; Escadinhas da Costa do Castelo, 6; Rua Marquês de Ponte de Lima,35-37 Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
A Sala de Baile, também chamada do Trono, na qual se mantém o trono, forrado de velho brocado de seda amarela, e em cujas paredes, também forradas de brocado, se ostentam os retratos a óleo, do Conde de Castelo Melhor, amigo devotado de D. Afonso VI, e ainda um magnífico retrato do 1.º Marquês de Ponte de Lima.
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1950.
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