Wednesday, 2 January 2019

Antiga Casa José Alexandre

Pelo brilho cintilante das suas montras — escreve Mário Costa — , somos atraídos ao magnificente recheio da Antiga Casa José Alexandre, Ld.", do «quinquilheiro José Alexandre», que Castilho apelidou de «protótipo do que havia de melhor melhor em Londres e Paris».
A Casa José Alexandre, que ainda em 1840 «vendia ortaliça e flores em caixinhas» (Castilho, 1902), foi sempre ampliando o seu comércio, conforme se depreende dum reclamo datado de 1890, em que se proclamava a venda dos seguintes produtos, a juntar aos artigos caseiros a que desde sempre se dedicou:
«Genuíno e superior vinho do Porto da Quinta da Cachucha (Alto Douro), talheres e vários artigos de Chr. Christofle, perfumarias, esponjas, espanadores, de penas e de cerdas, escovas, cutelaria fina, tinta para escrever, medidas, artigos para engenharia e grande variedade de objectos para todos os usos».

Antiga Casa José Alexandre |194-|
Rua Garrett, 8-18;Calçada do Sacramento, 2-4
Garcia Nunes, 
in Lisboa de Antigamente

Com o comércio de ferragens, entrou em 1833, nos números 10 e 12, João José Alexandre de Oliveira. Mais tarde, José Vicente de Oliveira tomou o número 8; e, em 1901, José Brás de Carvalho melhorou a casa, com a tomada das restantes portas, que para a Calçada do Sacramento têm os números 2 e 4. (....) Em Outubro de 1957, com o arrendamento do l.° andar, ligado directamente ao piso inferior, as instalações tomaram amplitude chique, atraente, de linhas modernas, que permitiram dar maior relevo aos variados artigos em exposição, em que predominam as porcelanas, os cristais, os Biscuits e os Crystofles.

Antiga Casa José Alexandre |post. 1957|
Rua Garrett, 8-18;Calçada do Sacramento, 2-4
Estúdio Mário Novais, 
in Lisboa de Antigamente

Noutras eras, estabeleceram-se em algumas destas cinco portas, uma livraria, uma retrosaria, uma capelista, a loja de modas de «Madame Fleury» e o afamado «Magalhães do Chiado» — loja de modas também — um dos mais celebrados centros de cavaco da capital. Entre os seus frequentadores aparecem mencionados muitíssimos nomes de destacadas figuras da época, sobressaindo: os conselheiros Fontes e Rodrigo da Fonseca, o 5.° marquês de Castelo-Melhor, os condes de Anadia, de Cabral, da Figueira e da Lapa, o poeta Eduardo Vidal, José Ribeiro da Cunha, Miguel Mac-Bride, Henrique Zenóglio, Fidié, Lopes Pastor, barão de Sabrosa e Costa Cabral.

Antiga Casa José Alexandre, montra com artigos Crystofle [|post. 1957|
Rua Garrett, 8-18;Calçada do Sacramento, 2-4
Estúdio Mário Novais, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
COSTA, Mário, O Chiado pitoresco e elegante, pp. 259-262, 1987.

2 comments:

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    Recordo-me bem, que certa vez houve um evento, a semana do Chiado, em que os alunos de Belas Artes fizeram as montras das lojas da zona. Um desses estudantes concebeu a montra do José Alexandre, que era uma coisa espantosa. Usou um desses faqueiros da Chrystofle e pendurou as várias peças do referido faqueiro ao tecto por meio de fios invisíveis de pesca e para quem estava de fora, parecia que tinha havido uma explosão e por um passe de mágica, os garfos, as facas e as colheres tinham ficado a flutuar no ar.

    Um abraço

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