Sunday 6 January 2019

Mosteiro dos Jerónimos, Sala do Capítulo: Túmulo de Alexandre Herculano

A Sala do Capítulo tem esta denominação por servir às reuniões periódicas dos monges, as quais tinham o seu início com a leitura de um capítulo da Regra. Nessas reuniões, discutia-se a eleição dos priores, a recepção dos noviços e procedia-se à confissão pública das faltas.

Originalmente pensada para este efeito, a Sala do Capítulo nunca teve tal utilização pois a abóbada e decoração interior só foi completada no séc. XIX. A porta foi concluída nos anos de 1517-1518, tendo sido executada por Rodrigo de Pontezilha. Na sua decoração destacam-se duas imagens representando S. Bernardo e S. Jerónimo.


No centro da sala foi colocado, no século XIX, o túmulo de Alexandre Herculano delineado por Eduardo Augusto da Silva. Em 1940 é modificado, sendo deixada singelamente apenas a arca tumular
 
A singela arca tumular de Alexandre Herculano [séc- XIX]
Sala do Capítulo, Mosteiro dos Jerónimos
Domingos Alvão, in Lisboa de Antigamente

A Sala do Capítulo foi também utilizada como panteão de outros escritores e presidentes da República, até à finalização das obras na Igreja de Santa Engrácia. Convertida em Panteão Nacional, foram então para aí trasladadas as personalidades mais recentes da História de Portugal.
A trasladação do corpo de Herculano, que se encontrava no jazigo da Família Gorjão, em Santa Iria da Azóia, para a sala do capítulo nos Jerónimos ocorreu em 1888.

Túmulo de Alexandre Herculano [1934]
Sala do Capítulo, Mosteiro dos Jerónimos
Domingos Alvão, in Lisboa de Antigamente

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, escritor e historiador, nasceu em Lisboa a 28/3/1810 e morreu em Vale de Lobos, a 13/9/1877.
Obras: A harpa do crente (1838); O bobo (1843); Eurico, o presbítero (1844); O monge de Cister (1848); Lendas e narrativas (1851); História de Portugal (em quatro volumes, o último publicado em 1853).
No túmulo está gravado um excerto do poema «A harpa do Crente» que reza assim: 
Dormir? Só dorme o frio
Cadáver que não sente
Alma voa e se abriga
Aos pés do Omnipotente.

Túmulo de Alexandre Herculano [c. 1910]
Sala do Capítulo, Mosteiro dos Jerónimos
Poema inscrito na arca tumular
Garcia Nunes, in A.M.L.

1 comment:

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