Pois estamos outra vez na Cruz das Almas.
O sítio da Cruz das Almas — diz Gustavo de Matos Sequeira — aparece-nos pela primeira vez citado em 1719, no registo de óbito de uma Inez, filha de Manuel de Sequeira e de Catarina Maria, feito na freguesia de São José. Noutros, em 1730 e 1732, surge- nos a designação ao «Canto das Almas». A não ser que a referência seja a outro local — à «Cruz de Santa Marta» talvez — temos que assentar que esta denominação topográfica só se fixou muito mais tarde, tanto mais que a «cruz do Padrão» não pertencia à paróquia de São José. O que é certo, também, é que em 1731, o bispo de Lamego D. Nuno Alvares Pereira de Melo faleceu à «Cruz das Almas» em 8 de Março deste ano, e já se sabe que os Cadavais tinham aqui casa e propriedades rústicas e que foi um Cadaval o fundador da ermida de que já vamos falar. [...] ¹
Ermida da Cruz das Almas |c. 1940| Rua de Campolide Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
A Ermida que aqui vês — recorda-nos, por seu turno, Norberto de Araújo — pequeno prédio que se segue, já na Rua de
Campolide, à esquina da Rua das Amoreiras, foi fundada em 1756 por D.
Nuno Álvares Pereira de Melo, 3º Duque do Cadaval, e um dos dezóito
filhos ilegítimos que êste Duque teve. Os Cadavais tinham aqui perto uma
casa sua, junto do Palácio Anadia, mas já na Rua do Portal de S. João
dos Bemcasados, isto é: na, depois, das Amoreiras.
A Ermida foi dedicada à Imaculada Conceição Maria Santíssima, como estás lendo, em inscrição gravada na verga do portal.
Ermida da Cruz das Almas |1945| Rua de Campolide, à esquina da Rua das Amoreiras Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Esta Ermida da Cruz das Almas
interiormente possue um belo silhar de azulejos do Rato, policromo, um
teto estucado e pintado, e, no altar-mór, um Cristo, de marfim, e
algumas imagens (S. Domingos e Santa Tereza) além de um retábulo de N.
Senhora da Conceição.²
Bibliografia
¹ SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do terramoto: subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa, Volumes 3-4, p. 489, 1967.
¹ SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do terramoto: subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa, Volumes 3-4, p. 489, 1967.
² ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 581-82, 1939.
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