Sunday, 9 December 2018

Chafariz de Belém (ou dos Golfinhos)

Ora vejamos o chafariz — recorda o ilustre Norberto de Araújo. É um exemplar interessante com seus dois planos ou peças independentes, realizando um conjunto decorativo neste Largo Frei Heitor Pinto, antigo Largo do Chafariz de Belém. No plano inferior (a Praça faz declive) assenta um tanque, em cujo espaldar se vê essa tradicional caravela, com a inscrição «Câmara Municipal de Lisboa. Ano de 1847»

Chafariz dos Belém (ou dos Golfinhos) |1939|
Antigo Largo do Chafariz, actual Largo dos Jerónimos; foi transferido para o Largo do Mastro c. 1947
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Chafariz dos Belém (ou dos Golfinhos)  |1939|
Antigo Largo do Chafariz, actual Largo dos Jerónimos; foi transferido para o Largo do Mastro c. 1947
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

No segundo plano alto eleva-se propriamente o Chafariz, com seu obelisco e uma simpática expressão arquitectónica decorativa, para o qual se aproveitaram lavores escultóricos destinados a um projectado chafariz para o Campo de Sant'Ana [que não se chegou a construir], nomeadamente quatro golfinhos, obra do escultor António Gomes. Êste Chafariz substitue o «da Bola» que estava em ruína em 1837, ao qual atrás aludi, e que havia sido construído em 1611; fôra começado a construir em 1846 e inaugurou-se em 4 de Abril de 1848, havendo a Câmara de Lisboa comprado, para abrir o Largo, umas casas que neste sítio — «Chão Salgado», mas já não proscrito — existiam de pé por essa época.

 Rua de Belém |1939|
À esquerda o chafariz de Belém e, mais adiante, no prédio com toldos junto ao poste de catenária, a fábrica dos  Pastéis de Belém
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Chafariz dos Belém (ou dos Golfinhos)
Desenho de Nogueira da Silv1830-1868), gravador Coelho

Segundo Velloso de Andrade, «os quatro Golfinhos, por onde corre a agua, estavam desde ha muito guardados em um telheiro a S. Pedro d' Alcântara, e alguém presume serem os tirados do Chafariz do Rocio; mas nós estamos persuadidos, que elles eram também pessas para o Chafariz do Campo de Santa Anna; 1.*, por que não davam idéa alguma de já terem servido; — 2.º por que na Planta do dito Chafariz , [...], também ali se vêem os mesmos Golfinhos.»
Em 1851, o chafariz n.º 23, tinha 4 bicas, 1 companhia de aguadeiros, 1 capataz e cabo, e 33 aguadeiros.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 90-91, 1939.
ANDRADE, José Sérgio Velloso de, Memoria sobre chafarizes, bicas, fontes, e poços públicos de Lisboa, 1851.

4 comments:

  1. Keep on working, great job!

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  2. Muito boas informações históricas, apenas acho que, quem faz os artigos deve ter atenção a escrita, encontro sempre vários erros ortográficos!

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    1. Nos textos é mantida a grafia da época em que aqueles foras escritos. Estávamos mal se cometêssemos erros ortográficos.

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