Nasceu no Terramoto de 1755 a tradição lisboeta de confeccionar altares domésticos em honra de Santo António, em Junho, por altura da sua festa. Os tronos homenageiam este Santo douto e bom, nascido no coração de Lisboa, e invocam as suas graças de patrono casamenteiro e advogado das causas perdidas.
Largo das Portas do Sol [1948] Festas de Santo António, crianças preparam o trono e o peditório. Firmino Marques da Costa, in Lisboa de Antigamente |
Os primeiros tronos surgiram no século XVIII, como forma de pedir
esmolas para a reconstrução da igreja de Santo António, parcialmente
destruída durante o grande terramoto de 1755. O escritor inglês William Beckford refere esta tradição no relato das suas viagens por Portugal.O autor refere, que pelo mês de Junho, Lisboa se enchia de pequenos altares, construídos à porta das casas.
Bairro da Bica [1909] Festas de Santo António, crianças preparam o trono e o peditório. Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Ao longo dos séculos, foram construídos vários edifícios para marcar o local onde terá nascido Santo António. Acredita-se que, no século XV, já existisse no local uma simples ermida. No mesmo século, D. João II mandou erigir uma igreja, que só viria a ficar pronta durante o reinado de D. Manuel I.
Rua do Paraíso [1954] Tronos de Santo António. Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Esta, porém, foi parcialmente destruída durante o terramoto de 1755. Do
edifício original, apenas sobreviveu a cripta, debaixo da qual, segundo a
tradição, ficam os escombros da casa dos pais de Santo António. As
obras de reconstrução, financiadas em parte pelas esmolas recolhidas
pelos habitantes, tiveram início em 1767. Estas só viriam a terminar 20
anos depois. A igreja de Santo António foi oficialmente aberta ao culto em 1787.
Rua do Paraíso [1954] Tronos de Santo António Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Estrada dos Prazeres [1954] Tronos de Santo António Armando Serôdio, in LdA |
Rua da Adiça [1954] Tronos de Santo António Armando Serôdio, in LdA |
Dizem que, à hora a que Santo António foi canonizado na Catedral de Espoleto, em Itália, os sinos de todas as igrejas de Lisboa, a cidade onde nasceu, tocaram sozinhos. Que se ouvia por todos os bairros, e ninguém lhes tinha mexido, e ninguém sabia explicar. Só aquele repique festivo e a sensação de uma mão grandiosa, delicada e invisível.
Lenda urbana de Lisboa ou milagre, mais um, da longa lista atribuída a António, nada muda relativamente ao facto de se tratar de uma canonização histórica: nunca até então alguém fora declarado santo em tão pouco tempo.
Beco da Cardosa [1954] Tronos de Santo António Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Amo esta página e tudo que nela contèm . Abraço
ReplyDeleteGrato pelo apreço. Volte sempre. Cumptos.
DeleteAdorei, adorei...pois sou devota de Santo António o meu protector!
ReplyDeleteParabéns por nos mostrar e informnar.
Muito bonito e interessante.
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