Judiaria (Rua da) Principia no largo de S. Rafael, e finda no Arco do Rosário. Freguesia de Santa Maria Maior. Houve em Lisboa várias judiarias que, tais como o vocábulo indica, eram bairros habitados por judeus, do mesmo modo que os muçulmanos tinham as suas «mourarias». A actual rua é o único vestígio que existe da «Judiaria d'Alfama», extinta em 1496.
[BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935]
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Rua da Judiaria, antes das obras de remodelação |1960| Rua da Judiaria vista do Arco Rosário. Apontamento para as graciosas janelas a espreitar do murete que quasi as encobre. Salvador de Almeida Fernandes, in Lisboa de Antigamente |
Não se comporta aqui uma notícia, sucinta que seja, acercar das Judiarias de Lisboa — recorda por seu lado o ilustre Norberto de Araújo — olisipógrafo que legendou Lisboa.Em apontamento posso dizer-te que aquela existente neste sítio no século xv era chamada Judiaria da Alfama, ou a «Pequena», por oposição à «Grande» que existiu onde se ergueu a Conceição Velha, à Madalena, desaparecida pelo Terramoto. Esta Judiaria, como todas, foi extinta em Dezembro de 1496, como acima vimos, por D. Manuel, logo no ano seguinte aquele em que subiu ao trono: foi o presente de noivado à fanática D. Izabel, gentil viúva de seu primo o Príncipe D. Afonso, filho de D. João II, morto aos 17 anos.E os judeus foram-se do Reino — violência que só prejudicou o país — e as judiarias ficaram desertas.Aí a temos hoje — morta
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Rua da Judiaria |1960| Rua da Judiaria A cachorrada, do terraço, adarve que foi da muralha. Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Respira-se, porém, neste recanto ou betesga um arcaísmo, de que este brasão da muralha é o mantenedor silencioso. Observa daqui a silhueta desluzida quem quer saber destas velharias? da cachorrada, do terraço, adarve que foi da muralha [erigida em 1375 por El-Rei D. Fernando], e o apontamento das graciosas janelas a espreitar do murete que quasi as encobre. [Araújo: 1939, X, 48]
Tenho 48 anos, recordo que em criança descia a escadaria de acesso ao mar para ver os barcos.
ReplyDeleteLembro das pessoas, dos cheiros desse tempo...
Tudo mudou, mas as memórias aínda permanecem vivas.
Rita Gonçalves
O meu sincero respeito por quem se dedica de alma e coração à pesquisa e divulgação da história de Lisboa.
ReplyDeleteAntónio Almeida
Grato pelo apreço.
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