Sunday, 20 April 2025

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa»

No lugar onde hoje existe este cemitério, foi a antiga casa de saúde (lazareto) que se estabeleceu nas terras da Quinta dos Prazeres em 1599, no ano chamado da peste grande. Havia aqui uma fonte, sobre a qual apareceu uma imagem da Virgem (pelo que se chamou Fonte Santa, e á imagem Nossa Senhora dos Prazeres).
Fez-se-lhe uma ermida dentro do cemitério [em 1860 foi substituída por uma capela].
Os paroquianos de Santos prometeram uma procissão annual a Nossa Senhora se desaparecesse o flagelo da peste; e como foram ouvidos, têm até hoje cumprido o seu voto. [vd, Feira das Amoreiras]


Temos à vista o Cemitério dos Prazeres — observa Norberto de Araújo. Os cemitérios, em algumas cidades da Europa, são verdadeiros campos santos de arte, ou parques floridos; neles em verdade não se sente a morte, mas a vida, até pelos horizontes que deles se desfruta. O Cemitério dos Prazeres, já limitado, é, com efeito, um recinto fechado onde se topa alguma cousa de arte, que não é apenas a dos canteiros lavrantes, mas que não consente atribuir-se ao Cemitério a classificação de recinto de Museu.

 

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |1939|
Perpectiva tomada do Largo de Alcântara (Ruas. Maria Pia e Prior do Crato).
Os primeiros enterramentos socorreram em 1590 junto à primitiva ermida dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, resultantes de uma epidemia de peste.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Este Cemitério, construído, como te disse, em 1833, embora só organizado formalmente em 1835, é contemporâneo do do Alto de S. João. Tem 82 ruas que preenchem 1.100 hectares
O portão da entrada foi traça do arquitecto Domingos Parente da Silva.

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |séc. XIX|
 Entrada vista da Praça São João Bosco.
O pórtico monumental, em estilo neo-clássico, com colunas que sustentam frontões triangulares de mármore e portões de ferro fundido é da autoria de Domingos Parente [da Silva].
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |c. 1900|
 Entrada vista da Alameda Central — que se estende até à capela do lugar — para Praça São João Bosco
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Entre os monumentos funerários cumpre-me apontar-te o de Oliveira Martins arquitectura de José Teixeira Lopes, no qual se admira a formosa figura «A História», do escultor António Teixeira Lopes; merecem-nos também referência o jazigo dos Bombeiros Municipais, por Simões de Almeida, tio, o dos Duques de Palmela, por Cinatt, com escultura de Calmels, o do Conde das Antas, também de Cinatti, o do Marquês de Valflor, o de Carvalho Monteiro, o de Guilherme Cossoul, além de muitos outros mausoléus destacados, ou simples colunas funerárias, que quebram a monotonia das alamedas .

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |195-|
Mausoléu dos marqueses de Valle Flor, no cemitério dos Prazeres.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa»
Jazigo de Oliveira Martins «A História» c. 1910; Mausoléu da família Carvalho Monteiro, 195-: Jazigo do Batalhão de Sapadores Bombeiros, 19--.  
in Lisboa de Antigamente

A Quinta dos Prazeres foi mais tarde dividida — recorda o ilustre Norberto de Araújo — e na parte que pertencia ao Conde de Lumiares, descendente dos Condes da Ilha, e que incluía a ermida e uma casa nobre, é que se construiu o Cemitério.
Eis-nos diante da «Taberna do João da Ermida». É o resto material da Ermida da Quinta dos Prazeres, que, quando se construiu o Cemitério, algum tempo serviu, ou se destinou para servir, a actos fúnebres. (A Capela do Cemitério data de 1869).

Cemitério dos Prazeres que foi «Cemiterio Occidental de Lisboa» |1866|
 Perpectiva tomada da Praça do Príncipe Real.
Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
PINHO LEA, (Augusto) Portugal Antigo e Moderno, vol. 4,p- 200, 1874.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. XI, p. 60, 1939.

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