E agora dilecto nesta quietação urbanista podes adivinhar — diz Norberto de Araújo — , se quiseres fazer um pequeno esforço, um «Rossio» popular, que foi em velhos tempos cômoro de moinhos de vento, eirado de rezes votadas ao sacrifício; depois, jornada de passeio, mercado, hortas e feira; praça de toiros, com esperas de gado, guizalhadas, alarde de batedores, alarido, cenas de boémia e guitarradas; campo de procissões, ponto de romarias a Sant'Ana, em paradas da devoção popular exteriorizada; logradouro de cavaleiros e fidalgos, na volta da Carreira dos Cavalos [actual Rua Gomes Freire]; desfile de seges, de tipóias, de carruagens de estadão, passagem fortuita de cortejos de embaixadas à Bemposta; passo obrigatório da população arrabaldina até [a]o Rossio pela lomba da Calçada Velha [Cç. de Sant'Ana]; estendal de velharias, de curiosidades, de bagatelas de vida em almoeda; e — campo de martírio, pois aqui foram enforcados os companheiros de Gomes Freire de Andrade, implicados ou suspeitos da conspiração contra o marechal Beresford.
Isto foi o Campo de Sant'Ana.Desde12 de Novembro de 188011 de Julho de 1879, passou a chamar-se, designação que perdura no dístico municipal, mas que não entrou na auditiva popular.
Campo dos Mártires da Pátria [finais do séc. XIX] Topo norte junto ao antigo Chafariz de Sant'Ana. Ao fundo nota-se a estreita embocadura da Rua Gomes Freire (antiga Carreira dos Cavalos) antes do alargamento e rectificação daquela artéria por volta da década de 1940. Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente |
«Campo do Curral» lhe chamavam do seu começo. porque afastado, mais pelo isolamento do que pela distância, do Rossio verdadeiro de Valverde (o Rossio de hoje) — aqui, ou melhor: ali onde é o Largo do Mastro, onde se faziam as matanças de gado para o abastecimento da cidade quinhentista,(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, pp. 36-37, 1938)
Campo dos Mártires da Pátria |c. 1910| Antigo do Curral; Campo dos Mártires da Pátria (desde 1879); Rua de Santo António dos Capuchos (dir.); ao fundo nota-se a "torre" do Palácio Silva Amado e a Rua do Instituto Bacteriológico. Lima, Alberto Carlos, in Lisboa de Antigamente |
Lindo, já tive oportunidade de conhecer.
ReplyDeleteRenata Ferreira
Há uma duplicação de datas na legenda da 1ª foto.
ReplyDeleteSim, "1755" está ali a mais. Corrigido.
DeleteMarta Yannis
ReplyDeleteO lado esquerdo na segunda fotografia já nada existe é tudo prédios novos.
Muito linda a nossa capital de Portugal parabéns ótimo trabalho
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