Sunday 3 September 2023

Palácios Rio Maior

Este local, ainda no século XVI, era fora de portas e, a Rua dos Condes, mais não era que uma viela, prolongamento da actual Calçada da Glória. A norte, no quarteirão que parte do actual Largo da Anunciada, edificou-se o palácio dos Condes da Ericeira [mais ou menos onde ainda hoje se encontra o Cinema Condes], cujos jardins e hortas se estendiam até à Rua dos Condes; a sul, existiu o antigo solar dos Condes de Castelo Melhor; e, ao fundo, na Rua das Portas de Santo Antão, a casa dos Condes Povolide [Ateneu Comercial de Lisboa], o que justifica plenamente, o nome da rua.

Em seguida ao Ateneu — reza o Guia de Portugal — ficam duas casas nobres que pertenceram aos Gomes da Silva, ricos fidalgos lisboetas do séc. XVII. Aí se fizeram brilhantes iluminações quando da entrada da rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia.

Palácio Rio Maior, 120-124 |1968|
Rua das Portas de Santo Antão, antiga Rua Eugénio dos Santos [até 1956] 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Mais dois palácios, do velho tempo, se seguem do nosso lado esquerdo — diz Norberto de Araújo — , ambos da Casa do Marquês de Rio Maior, e separados apenas por um jardim, acima do alto muro. O primeiro, estes n.ꟹ 120 a 124 [vd. 1ª imagem], teve história em Lisboa; nasceu nele o Duque-Marechal de Saldanha, João Carlos de Saldanha de Oliveira Daun. O segundo [n.ꟹ 112 a 116], mais pequeno, conhecido no sítio pela designação de «Palácio da Marquesa Viúva», foi herdado pelo sobrinho, o actual Marquês de Rio Maior; nele habita o Conde das Alcáçovas.

Palácios Rio Maior, «Palácio da Marquesa Viúva», 112-116 |1968|
Rua das Portas de Santo Antão, antiga Rua Eugénio dos Santos [até 1956];
Ateneu Comercial de Lisboa; Cinema Odeon. 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Defronte destes palácios abre um Pátio do Tronco, local sem saída entre traseiras de prédios, descaracterizado, e que evoca uma cadeia do «Tronco», que aqui existiu (embora nem sempre fosse neste sítio), e na qual é tradição que esteve preso Camões quando «espadachinou» certo criado de casa nobre, que o afrontara.
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Bibliografia
Ocidente: revista portuguesa de cultura, vol. 75, p. 91, 1986.
Guia de Portugal, p. 255, 1924.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 97, 1939.

3 comments:

  1. Desconhecia por completo a existencia destas Casa. Excelente informação.
    Mário Castro

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  2. Thank you for an amazing pot.

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  3. Passo todos os dias por aqui e não fazia mínima ideia do historial destas casas. Até agora.

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