Vinham pela tarde as raparigas dos queijinhos e dos requeijões, aqueles acomodados em forminhas de zinco dispostos em tabuleiro também de zinco, tapados com uma toalha e no cabaz que lhes servia de suporte traziam, em cestinhos, os requeijões a transbordar pelas malhas da palha. Era à hora da merenda e o pregão alertava a canalha miúda que regressava da escola.
Algumas também vendiam azeitonas que transportavam num tarro de cortiça.
Quase sempre eram moçoilas saloias apregoando com graça, no sotaque da sua linguagem cantada, maneira de forrar uns tostões com as sobras do leite das suas vacas. Nem todas as tardes apareciam, pois aproveitariam os dias em que as galeras traziam as lavadeiras.
— Quem quer requeijões e queijinhos frescos?
E lá iam, cachopas garridas, bate que bate, rua abaixo, rua acima, vendendo os tão apetecidos queijinhos entalados e frescos nas formas de zinco. Naquele tempo ninguém se queixava de salmonelas.¹
Palmeira (Travessa da) — Nela, e no tempo em que ainda se chamava Travessa de S. Francisco de Paula (até 1859), freguesia das Mercês, e n.º 23 de então, num quarto do 1.º andar, onde habitava desde muitos anos, faleceu após longa e dolorosa enfermidade, sofrida com filosófica e cristã resignação, o aplicado e estudioso filólogo Pedro José de Figueiredo, autor, entre outras, da obra que tem por título Retratos dos Varões e Donas de Portugal.²
Vendedoras ambulantes de queijo fresco |c. 1900| Rua de S. Bento, 160 Fotografo não identificado, in Lisboa de Antigamente Nota(s): a data e o local da foto não estão identificados no abandalhado amL. |
Bibliografia
¹ DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1970-1974, 1986.
² BRITO, Gomes de, Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935.
Aquilo na esquina é um urinol público, não é? Ainda me lembro de os ver um pouco por toda a cidade, quando era pequena!
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