Sunday, 22 January 2023

Igreja do Coleginho (N. S. do Perpétuo Socorro)

A igreja do Coleginho, orientada a Poente, situa-se na Rua do Marquês de Ponte de Lima, em plena Mouraria de cima. Defronte esgueira-se, numa aberta do casario, o beco dos Três Engenhos; umas dezenas de passos a Norte rasgam-se, descendo ao vale a antiga rua Suja (Rua da Guia) e subindo para Santo André, a da Amendoeira. Mais além ficam a Rua dos Cavaleiros, o Terreirinhoe e as Olarias, onde foi o «almocavar» ou cemitério dos mouros e judeus.

 
Segundo a tradição a antiga igreja do Coleginho (Colégio velho de Santo Antão) ocupava o local da mesquita do arrabalde da Mouraria, se não o próprio templo, desafectado do culto muçulmano após a expulsão dos judeus e mouros decretada por el-rei D. Manuel em 1496. Colocada sob a invocação da Anunciação da Virgem, transformou-se em igreja conventual depois que em 1519, numas casas anexas, se instalaram as dominicanas vindas do mosteiro de Jesus, de Aveiro.

Igreja do Coleginho  (N. S. do Perpétuo Socorro) em 1922 e 1940, respectivamente
Rua do Marquês de Ponte de Lima
A Frontaria, de elegante traçado arquitectónico, de corpo único ladeado por pilastras às quais serve de remate o frontão com óculo e nela o pórtico, sem adro e cujo acesso é feito por cinco degraus, formado por duas colunas.
in Lisboa de Antigamente

As madres trocaram esta residência pela dos Cónegos regrantes de Santo Agostinho, na Corredoura, de invocação de Santo Antão (no local da actual igreja de S. José). Passaram os Agostinhos a residir no mosteiro da Mouraria, até que em 1542 o cederam aos Jesuítas, para nele instalarem uma Residência, que depois se transformou em Colégio.
Pelo aumento da população escolar a Companhia transferiu os estudos para o novo e magnífico edifício que seria o Colégio novo de Santo Antão (hospital de S. José), conservando-se. porém, em Santo Antão da Mouraria (depois de um simulacro de venda aos Gracianos em 1587) uma residência (1593) extinta quando Pombal expulsou os Inacianos (1759).

Igreja do Coleginho  (N. S. do Perpétuo Socorro) |c. 1950|
Rua do Marquês de Ponte de Lima; em cima observa-se a Igreja da Graça.
No andar superior três janelas com moldura e tímpano. Sobre elas corre a cimalha real, com friso e cornija.
Amadeu Ferrari, in Lisboa de Antigamente

Ignoram-se as obras de que o templo teria beneficiado, mormente no primeiro século da sua história (é de presumir que as tivesse havido no segundo quartel do século XVII) mas sabe-se que o Terramoto causou nele grandíssima ruína, que conduziu a uma reconstrução, concluída em 1764, e lhe imprimiu a feição actual. Já então (e até 1833) o templo estava anexo à residência dos Padres redentoristas de S. Libório, sucessores conventuais dos Jesuítas. Extintas as ordens religiosas, foi a igreja entregue à irmandade de Nossa Senhora do Bom-Despacho, sendo anos volvidos desafectada.
Reaberta ao culto em 1988, nela se instalou a sede eclesiástica da freguesia do Socorro (1951).
Apontamento a reter: Foi na igreja do Coleginho que antes de partir para o Oriente S. Francisco Xavier pregou pela última vez.

Antigo edifício do Colégio de Santo Antão em 1836, em desenho de Luís Gonzaga Pereira

igreja do Coleginho quase nada conserva da sua traça quinhentista; é um templo com as características próprias de todos os de Lisboa reedificados após o Terramoto.
Embora pequeno, é notável pela riqueza e elegância da cantaria.

Colégio de Santo Antão-o-Velho | Colégio de Santo Agostinho 
Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor.
 
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1955.

3 comments:

  1. os meus filhos foram baptizados nesta igreja.

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  2. Igreja e claustros belíssimos.

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  3. onde fui baptizado.

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