Entremos no Largo de S. Rafael, onde se levanta, altaneira, a velha Torre de Alfama. Faltaria no pitoresco de Alfama qualquer coisa de fundamental — diz Norberto de Araújo — se nele não existisse ainda um padrão arqueológico, um testemunho vivo e eloquente dos seus pergaminhos. E ei-lo: a Tore de Alfama!
E estamos sobre o eirado ajardinado da Torre. A cerca de Lisboa moura era relativamente grande, como to disse pormenorizadamente, na Peregrinação I. Pois pouco resta dela; aqui e ali uma sentinela esquecida, como esta, de quem raros se lembram. Não estranhes a ternura, mais que devoção arqueológica, que eu ponho neste passo da jornada.
É esta alta Torre — oca?
Torre de Alfama (ou de São Pedro) [1962] Largo de S. Rafael Armando Serôdio, in AML |
Não o sabem os proprietários dela. (Proprietários em usufruto, pois o monumento, como todos deste género, é da Cidade). Algumas sondagens feitas não deram resultado. O certo — digo-to eu, Dilecto, porque mo ensinaram os Mestres em seus livros — é que um dos condenados da conjura contra D. João II recebeu a pena de ser metido na Torre de Alfama «e aí esteve metido todos os dias da vida».
A Torre era esta. Oca foi pois.==
N. B. A existência neste local de uma nascente reforça a tese desta torre avançada se destinar à protecção de um ponto de abastecimento de água. Entre os finais dos séculos XIV e XV foi usada como prisão.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 64, 1943.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. X, pp. 46-48, 1939.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. X, pp. 46-48, 1939.
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